O comércio do café foi responsável pelo apogeu econômico do Brasil, financiou com sua riqueza o desenvolvimento de várias cidades. As ferrovias tiveram um papel preponderante no escoamento dessa produção para o mercado consumidor estrangeiro.
O livro “Leopoldina Railway”, de Antonio Soukef Jr e Vito D’Alessio (Editora Dialeto – Latin American Documentary, pedidos a [email protected]), narra a formação dessa rede ferroviária a partir do pioneirismo do Barão de Mauá, que inaugurou, em 1854, a Estrada de Ferro Mauá. A importância do Barão para os transportes no Brasil não pára por aí, foi também responsável pela implantação da linha Santos-Jundiaí (São Paulo Railway), inaugurada em 1867, impulsionando o desenvolvimento de São Paulo.
Em seu apogeu, a Leopoldina Railway ultraou os três mil quilômetros de vias, cobrindo três estados, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais. Abrangia mais de 500 mil quilômetros quadrados, área consideravelmente maior que a França. Sua estação inicial no Rio de Janeiro, então capital do Brasil, foi concluída em 1926.
O livro demonstra com clareza os fatores que levaram a Leopoldina Railway à ruína, desde a crise cafeeira da década de 1930 à encampação da rede pela União em 1949.
Ao longo das décadas de 1960 e 1970, grande parte de seu traçado original foi erradicado, inclusive o correspondente à antiga Estrada de Ferro Mauá, cujos trilhos foram retirados em 1964. Simultaneamente, as vias mantidas em operação receberam investimentos visando melhorar suas condições de tráfego, sob responsabilidade da Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA). Esta, por sua vez, privatizada em 1996.
Herança
Atualmente, o trecho suburbano da antiga Leopoldina, assumido pela empresa Supervia em 1998, é utilizado para o transporte de ageiros. Atende os municípios do Rio de Janeiro, Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Nilópolis, Mesquita, Queimados, São João do Meriti, Belford Roxo, Japeri, Paracambi e Magé. O desenvolvimento dessa área metropolitana do Rio se deve muito ao trajeto dessa histórica ferrovia.
Por ter sido, ao longo de sua história, uma ferrovia formada por inúmeros ramais, havia na Leopoldina um variado estoque de carros e vagões de madeira, além de locomotivas a vapor. Estas, pela diversidade dos modelos existentes, são consideradas um dos mais expressivos acervos nessa modalidade de tração.
A Estação Inicial Barão de Mauá foi desativada para o transporte de ageiros em 2001 e encontra-se atualmente fechada. O Governo Estadual do Rio de Janeiro pretende requalificar o edifício dotando-o de usos múltiplos, com enfoque na cultura. O Programa Estadual de Transportes, que visa a reorganização e desenvolvimento do transporte público metropolitano, propõe a utilização do espaço para a instalação do Museu do Trem.
Leitura complementar
No site Estações Ferroviárias do Brasil, elaborado por Ralph Mennucci Giesbrecht, é possível encontrar histórico e fotos de inúmeras estações em 16 estados. Há, também, riquíssima informação sobre a história ferroviária do Brasil.
Seja o primeiro a comentar