O agronegócio brasileiro é o mais competitivo do mundo. Natureza, tecnologia de produtos, altos índices de competitividade e 101 milhões de hectares sobrando para plantar, sem precisar arrancar uma única árvore da floresta amazônica.
No entanto, a falta de infra-estrutura e logística, principalmente no Centro-Oeste — região que assiste à expansão das fronteiras agrícolas — pode impedir que o Brasil tenha força para atender à exponencial demanda global, devido ao crescimento das nações emergentes, como a China.
Os problemas são cada vez mais evidentes. No Centro-Oeste, onde a expansão de culturas como soja, cana-de-açúcar e milho ganha força, tudo vai bem até a porteira da fazenda. Só que, com as más condições das estradas, a ausência de investimentos em ferrovias e hidrovias e os ainda tímidos corredores para escoar a produção até o Norte, as mercadorias viajam até três mil quilômetros para, por exemplo, ir de Mato Grosso ao Porto de Paranaguá.
A dor do crescimento, portanto, é alta para os exportadores e para o próprio governo.
Estima-se que, dos cerca de R$ 2 bilhões que o Tesouro gastou em prêmios na safra 2005/06, pelo menos R$ 1 bilhão foi usado para compensar só custos com frete.
— Os problemas não afetam só a renda do produtor rural, refletem-se nas contas públicas — destacou o diretor de Infra-Estrutura e logística do Ministério da Agricultura, Biramar Nunes de Lima
CNA: Brasil pode responder por 60% da demanda global
Segundo Lima, 90% das propostas apresentadas pelo órgão relativas à criação de corredores de escoamento da safra do Centro-Oeste (o de São Luís é prioritário) estão no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Mas ele observou que isso adianta pouco sem que se invista em logística básica.
E deve ser para ontem. Segundo o consultor da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Luiz Antônio Fayet, hoje o Brasil exporta cerca de 90 milhões de toneladas por ano, com potencial de aumento de 70 milhões em uma década: — Isso levaria o Brasil a ser responsável pelo suprimento de 60% da demanda mundial.
Para os empresários, transporte é um custo alto: o equivalente a uma tonelada do produto transportado, se o meio for hidrovia; dez, no caso da ferrovia; e cem, no da rodovia.
Lima disse que, excluídas áreas de pastagem degradadas, o país tem 101 milhões de hectares não explorados, enquanto os EUA não têm mais como se expandir. Fayet concorda. Os preços internacionais estão elevados não só por causa da demanda dos países emergentes, mas também pelo chamado “efeito Bush”. Com o maior interesse na produção de etanol, os EUA provocaram a disparada nas cotações de milho e soja.
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