“A soja já está subindo na lavoura”, comenta, com uma ponta de iração, o diretor de contratos da Construtora Norberto Odebrecht, Pedro Leão. Ali, num trecho de cerrado antes dominado pela pecuária, a 280 quilômetros de Palmas, capital de Tocantins, a paisagem começa a ser alterada pela Ferrovia Norte-Sul, um dos principais projetos incluídos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com previsão de criação de 3 mil empregos diretos durante sua construção, segundo o Ministério dos Transportes.
Quando concluída, a ferrovia vai assegurar a ligação ferroviária entre as regiões Sul e Sudeste ao Norte e Nordeste, cortando a região central de Goiás até Tocantins e daí ao Maranhão, numa extensão total de quase 2 mil quilômetros. A Odebrecht executa as obras nos 52 quilômetros do trecho entre Córrego Gavião e Riacho Fundo e deverá iniciar, em 2008, a implantação do lote 9, entre o Ribeirão Tabocão e a rodovia estadual TO-080, em mais 76 quilômetros.
A construtora investirá, apenas no primeiro lote, iniciado em março deste ano, em torno de R$ 110 milhões. “Já realizamos 95% da infra-estrutura e 40% das pontes. A montagem da grade deverá ser iniciada em março do próximo ano (para assentamento dos dormentes) e devemos concluir o trabalho em julho”, projeta o diretor.
O canteiro de obras, ainda conforme Leão, está instalado a 19 quilômetros da cidade de Colinas do Tocantins e próximo ainda das cidades de Tupiratins e Palmeirante, ajudando a aquecer a economia local. Dentro do canteiro, a construtora montou uma indústria de dormentes, com capacidade para 1 mil unidades por dia, empregando 280 pessoas em três turnos. Até a conclusão dos trabalhos, Leão estima que a indústria colocará à disposição da Odebrecht 82 mil dormentes, que consumirão cimento e aço fornecidos por outros Estados, já que a indústria da região não está estruturada para atender à demanda, de acordo com o diretor de contratos da empreiteira.
As frentes de trabalho ocupam 1126 trabalhadores e mais 353 subcontratados para a prestação de serviços diversos, representando um gasto bruto de R$ 1,76 milhão apenas em novembro. A folha de salários líquida, aponta Leão, significou a injeção na economia local, diretamente, de R$ 1,338 milhão, sem contar o recolhimento de impostos. Até o final do contrato, em julho de 2008, Leão ele que a construtora deverá recolher aos cofres de Tupinatins e Palmeirante, municípios cortados por esse trecho da ferrovia, ao redor de R$ 3 milhões a título de Imposto sobre Serviços (ISS).
Entre março e o final de novembro deste ano, a Odebrecht destinou R$ 24,93 milhões, em valores arredondados, para aquisições de bens, mercadorias e serviços destinados à obra, dos quais R$ 10,84 milhões (43,5%) corresponderam a aquisições em Tocantins. Apenas a economia de Colinas, cita Leão, absorveu R$ 1,92 milhão. As compras referem-se a materiais básicos destinados à construção civil, como areia, brita, madeira, entre outros.
“Quando chegamos aqui, no entorno do canteiro de obras, recém-aberto, as fazendas da região estavam concentradas na exploração da pecuária extensiva. Agora, já é possível ver plantações de soja surgindo”, aponta Leão. A mudança de ares não afetou apenas a agricultura, que na safra 2007/2008 deverá ocupar 565,3 mil hectares no Tocantins, crescendo 5,4%. Empresas de outros segmentos, especialmente na área de prestação de serviços, têm sido favorecidas pelos recursos destinados às obras da ferrovia Norte-Sul.
“É um projeto histórico, que tem beneficiado e muito a economia na região”, entusiasma-se a a Christinny Guerra Seabra, que, juntamente com a mãe, Ivone Guerra Seabra, toca a Cozinha Industrial de Palmas (Coinpa). A empresa foi contratada pela Odebrecht para alimentar trabalhadores e executivos na frente de obras e vai receber, durante 12 meses, algo próximo a R$ 1,35 milhão.
Criada em 2003, com sede
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