O número de usuários do sistema de transporte público na região metropolitana de São Paulo, que estão satisfeitos com a qualidade desse serviço, vem caindo ano após ano. A deterioração da qualidade dos serviços de metrô e ônibus resulta, principalmente, da decisão precipitada dos governos municipal e estadual de integrar os meios de transporte sem que os sistemas de ônibus e trens tivessem capacidade de absorver o aumento da demanda. A criação do bilhete único, que permite um maior número de viagens num determinado período, foi um estímulo ao uso do transporte público. Mas, como o sistema não pode atender ao aumento da demanda, esse incentivo tem produzido rombos orçamentários, queda na qualidade dos serviços e insatisfação da população.
O metrô continua sendo o meio de transporte mais bem avaliado pela população, mas nos últimos oito anos, conforme pesquisa realizada pela Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), o número dos ageiros que consideram os serviços satisfatórios tem apresentado quedas significativas. Entre 2006 e 2007, o “índice de satisfação” caiu de 93% para 85%. A redução era esperada, afirma o secretário dos Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella. Segundo ele, o acidente ocorrido na Estação Pinheiros, o desalinhamento na escavação do túnel da Linha 4 e três greves dos metroviários foram fatos que tisnaram a imagem do sistema de metrô em 2007.
Mas nada disso impediu que a demanda do serviço continuasse crescendo. Ao contrário, seus trens transportaram diariamente, no primeiro bimestre, 2,629 milhões de ageiros – 300 mil a mais do que o registrado no mesmo período do ano ado. O número de pessoas transportadas pelo metrô vem crescendo, em média, 15% ao ano.
O que acontece com o metrô acontece também com os ônibus. O sistema de integração de transportes instalado parcialmente pela istração Marta Suplicy, a partir de 2003, era ideal no papel. Mas, para obter dividendos eleitorais, a prefeita preferiu queimar etapas – e isso comprometeu a eficiência do sistema.
Antes de completar a infra-estrutura necessária para o funcionamento do novo sistema, a ex-prefeita Marta Suplicy decidiu acelerar a implantação do bilhete único, cartão magnético que permitia a realização de número indeterminado de viagens ao custo de uma única tarifa no período de 2 horas. Com isso, agradou bastante aos eleitores. Tanto que, no ano da implantação, 61% dos ageiros consultados pela ANTP avaliaram o sistema como excelente ou bom. Mas isso durou pouco. Em 2005, o índice de satisfação caiu para 52%; em 2006, para 48%; e, neste ano, chegou a 42%, o pior desempenho entre os três meios de transporte analisados (metrô, ônibus e trens).
Por causa do bilhete único, os subsídios ao sistema aumentaram, desviando recursos que deveriam ser aplicados em corredores de ônibus, em equipamentos capazes de aumentar a velocidade média das viagens, em planejamento das linhas e itinerários e na troca da frota, para dar um mínimo de conforto aos ageiros. Em vários itinerários, os ônibus circulam superlotados, com ageiros caindo pelas portas; em outros percursos, rodam vazios, formando grandes comboios.
Para agravar a situação, a partir de 2005 foi feita a integração entre ônibus, metrô e trens. E o que deveria ser comemorado – a unificação dos sistemas de transporte coletivo, permitindo maior mobilidade aos ageiros a um custo menor – acabou sendo a principal causa da deterioração da qualidade dos serviços.
É evidente que a falta de planejamento urbano – a formação de bairros distantes do centro e dos locais de trabalho, por exemplo, exige deslocamentos cada vez maiores – dificulta a organização de um sistema de transporte público eficiente. Esse é, sem dúvida, o problema número um de uma cidade ameaçada de obstrução arterial. Para evitar o colapso, Município, Estado e União precisam concentrar esforços na ampliação da rede metroviária. E, para melhorar
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