Considerando-se atropelados pelas secretarias estaduais de Planejamento e de Transportes — que, como adiantou Ancelmo Góis em sua coluna, no GLOBO, licitou os serviços da empresa sa Sistran Engenharia para preparar um estudo para concessão dos serviços de transporte de ageiros do Sistema de Bondes de Santa Teresa —, os moradores do bairro vão tentar impedir na Justiça a privatização do serviço. Segundo o vice-presidente da Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa (Amast), Sérgio Amaral, um advogado já foi contratado para entrar com uma ação civil pública contra o estado na semana que vem.
— Desde o fim de 2007 estamos tentando embargar este processo de privatização com a ajuda do Ministério Público, mas encontramos resistência.
O governo do estado tomou a decisão sem ouvir os moradores, que perderão seu principal meio de transporte com o aumento do preço das agens — reclama Amaral, acrescentando que o bondinho, aos 111 anos, é um cartão-postal da cidade. — Com a privatização, teremos outros problemas para o bairro, como mais ônibus em ruas estreitas.
Moradores teriam desconto nas tarifas
De acordo com o Diário Oficial de anteontem, o estado pagará R$ 393.977,11 para que a Sistran elabore o projeto de privatização, que deverá estar concluído até o fim do ano. O estudo, de acordo com o secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes, também inclui as tarifas, que podem ter um desconto para os moradores, a exemplo da barca que vai para Paquetá.
— É o primeiro o para a privatização, que estará a cargo de uma das maiores empresas do mundo no ramo, responsável, por exemplo, pelo trem de alta velocidade da Argentina, entre Córdoba e Buenos Aires. Após apresentado o projeto, ele será avaliado pelo governador Sérgio Cabral. Só então vamos licitar a operação da linha, como acontece com o metrô e os trens — explica Lopes, fazendo questão de frisar que o bonde em si continuará sendo um patrimônio do Rio. — Mas não se pode querer que o bonde continue custando R$ 0,60, o que gera um faturamento insuficiente para manter esse patrimônio.
Para o governador Sérgio Cabral, o serviço atual não atende bem nem moradores nem turistas.
— Estamos fazendo as obras necessárias para que a empresa possa assumir a operação — disse Cabral, lembrando que o metrô, quando foi dado à concessão, ou de 200 mil ageiros/ dia para 500 mil. Já a Supervia, que levava 80 mil/dia, hoje leva 450 mil.
Os 14 bondes de Santa Teresa vêm sendo restaurados desde 2005 e deveriam ter sido entregues em abril de 2006. O único que entrou em teste provocou um acidente que feriu uma pessoa, em junho deste ano.
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