A locomotiva 22, uma das quatro marias-fumaças ainda em funcionamento no trajeto histórico de São João del Rei a Tiradentes, no Campo das Vertentes, completou cem anos anteontem. Apesar da longevidade, o apito anunciando a hora da viagem e a fumaça espalhada pelo caminho continuam atuais, encantando os turistas.
A máquina, construída em 1908 nos Estados Unidos e trazida ao Brasil em um navio, está em perfeita forma física. Ela ou por uma recente restauração e mantém as características originais. Os vagões têm as paredes, tetos e chãos de madeira. Alguns assentos são forrados em couro, outros, de madeira. A paisagem também conserva o clima antigo de interior, em um percurso que entrecorta fazendas e margeia os rios das Mortes e Elvas.
De acordo com o gerente de trens turísticos da Ferrovia Centro Atlântica (FCA), a desse complexo ferroviário, Marcos Teixeira, 130 mil pessoas eiam nessas marias-fumaças todos os anos. “Esse é um atrativo histórico da região que temos muito prazer em preservar. Antigamente, a função dessas locomotivas era transportar carga, como alimentos, cimento e tecidos, e ageiros. Hoje, ela funciona apenas para o turismo”, disse.
Visitantes de São Paulo, o casal Otávio de Almeida, 46, e Arlete Aparecida de Almeida, 38, fizeram anteontem o eio pela primeira vez. Eles disseram que a atração é ainda mais interessante porque não exclui nenhum tipo de pessoa. “Esse é um eio que pode ser feito tanto por crianças até idosos. Todos se divertem”, disse ela. Otávio aproveitou o momento para protestar. “O transporte ferroviário foi esquecido nesse país, enquanto deveria ser mais utilizado”, afirmou ele.
O arquiteto Roberto Monteiro, 41, e sua mulher, Delma Luppi, 40, aproveitaram as férias para levar os três filhos, Larissa, 8, Camila, 6, e Henrique, 3, ao eio. “É uma oportunidade para relaxar, ver o verde da natureza e se divertir. Essa viagem é muito linda e as crianças adoraram”, disse Delma. Henrique contou que viu uma vaca e um cavalo pelo caminho. Já Camila observou que o trem ou por cima do rio.
Para comemorar o centenário da locomotiva 22, a Ferrovia Centro Atlântica (FCA), a desse complexo ferroviário, realizou uma viagem de volta no tempo. Na noite de sexta-feira, a estação de Tiradentes se transformou em um cenário típico do início do século XX, com personagens vestidos a caráter.
Antes de embarcar para São João, os ageiros convidados da comemoração se depararam com um engraxate de suspensórios, um jornaleiro anunciando notícias da capital, vendedoras de flores e o maquinista vestido elegantemente.
Dentro dos vagões, o clima também era de nostalgia. Mulheres de vestidos longos e rendados, com chapéus e sombrinha a tira colo, e homens de cartola e fraque procuravam seus acentos. A representação continuou ao longo dos 12 km de viagem que separam as duas cidades históricas.
Além do eio de maria-fumaça, outras atrações do complexo ferroviário de São João del Rei são o museu, com documentos históricos, ferramentas antigas e vagões desativados, e a rotunda, local onde são guardadas as locomotivas também desativadas. Ao todo, estão fora de operação 14 locomotivas.
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