Retiro o que disse

Zuenir Ventura


Vida de caixeiro-viajante é assim.


Estava eu sobrevoando Congonhas na última quarta-feira, já para descer, quando o comandante avisou que teríamos de voltar ao Rio porque um acidente interditara a pista, e o aparelho não dispunha de combustível para ficar rodando no ar. Retornamos então ao Santos Dumont, onde permanecemos durante umas cinco horas, até que a pista fosse desimpedida.


Aproveitei para comparar aquele aeroporto reformado, limpo, uma beleza, com o Galeão, que é “pior do que rodoviária de quinta categoria”, como classificou o próprio governador Sérgio Cabral. O terminal 1 então, o mais antigo, imundo e degradado, é uma vergonha.


Aí eu não agüentaria ficar nem metade do tempo que fiquei no outro. Como ainda não estava no fim da viagem, mas no começo, e não sabia que Lula finalmente atendera à reivindicação de Sérgio Cabral, fiz um comício para mim mesmo.


Como é que uma cidade que pretende sediar as Olimpíadas de 2016 descuida dessa maneira de sua porta de entrada, mesmo sabendo que o Tom Jobim foi responsável pela pior nota na avaliação para os Jogos? O que adianta o governador ser assim com o presidente, sempre trocando juras de amor, se eu acabara de ler que a proposta orçamentária para o próximo ano destinava cinco vezes mais recursos para investimentos em Guarulhos e três vezes mais para Florianópolis, por onde aram dois milhões de viajantes em 2007 contra os 11 milhões de ageiros do Galeão? Não entendia como o ministro da Defesa e o presidente da República se mantinham tão indiferentes aos apelos de Cabral. O nosso governador deveria reagir de maneira mais enérgica e indignada.


Já me dispunha a reforçar a corrente que queria propor à família Jobim retirar seu nome do aeroporto, quando soube da decisão de Lula. Minha viagem chegava ao fim — eu estava a caminho de Valinhos, vindo de Jundiaí, Bragança e Jaguariúna. Vibrei.
Retiro tudo o que disse. Ou quase tudo.


Sou do tempo em que se ia da zona da mata mineira à serra fluminense de trem. Numa boa. Se em vez de sair dos trilhos, o Brasil tivesse ampliado e melhorado o sistema, contaria hoje com uma malha ferroviária cortando todo o território, a exemplo do que fizeram os países sérios. Pois agora, inspirado na retrógrada e predatória cultura rodoviária, o governador José Serra propõe a construção de uma nova estrada de rodagem ligando Rio de Janeiro e São Paulo, ao custo de R$ 3 bilhões. Por que não o trem-bala, essa, sim, uma solução moderna, ecológica e economicamente correta. Ele diz que uma coisa não invalida a outra. São Paulo, não sei, mas o Rio teria grana para investir em dois projetos dessa envergadura? É o que pergunta minha santa ignorância.

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Fonte: O Globo

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