Serra quer construir nova rodovia Rio-SP

Dentro de aproximadamente dois anos estará pronto o projeto que vai viabilizar a construção de um nova rodovia ligando o Rio a São Paulo, como informou ontem ao GLOBO o governador paulista José Serra (PSDB).


A nova estrada, que teria cerca de 135 quilômetros do lado fluminense e 135 do paulista, custaria cerca de R$ 3,1 bilhões. Ela começaria na já existente Rodovia Ayrton Senna, em São Paulo, e continuaria com um traçado paralelo ao da Via Dutra, a aproximadamente dez quilômetros à direta da rodovia atual.


Depois de uma conversa entre os governadores Serra e Sérgio Cabral (PMDB), a idéia está sendo estudada pelo vice-governador fluminense Luiz Fernando Pezão, que é também secretário de Obras, e pelo secretário de Transportes paulista, Mauro Arce.


— Liguei para o Sérgio Cabral na semana ada para sugerir que a gente estudasse a viabilidade de fazer uma outra ligação São Paulo-Rio, aproveitando a Ayrton Senna. Mediante mecanismos de concessão, é possível arrecadar recursos que financiariam, pelo menos parcialmente, a obra. Isso está sendo estudado. Como o Sérgio estava viajando, indicou o governador em exercício, Pezão, para tratar do assunto. Mauro Arce já conversou com ele. Vão se encontrar nos próximos dias. Agora nós temos que fazer os estudos de viabilidade — revelou Serra.


Pezão e Arce vão se encontrar possivelmente ainda esta semana.


— É algo que em dois anos poderia estar viabilizado — disse Serra.


Secretário estima custo em R$ 3,1 bi


Os custos estimados, de R$ 3,1 bilhões, conforme previsão de Arce, seriam arrecadados com pedágio: — O custo aproximado seria de R$ 1,3 bilhão aqui em São Paulo. No Rio, onde há 20 quilômetros de serra, ficaria em torno de R$ 1,8 bilhão. Seria uma estrada moderna. A idéia que o governador (Serra) levantou é da possibilidade de haver uma concessão, o que é interessante. Mas ainda é uma idéia. Estou levantando as informações não só de valores, como também de volume diário médio de veículos em vários trechos.


De acordo com a concessionária da Via Dutra, a NovaDutra, de março de 1996 a dezembro de 2007, foram injetados na rodovia, em valores de hoje, R$ 5,667 bilhões, dos quais R$ 2,095 bilhões em obras e equipamentos e R$ 2.809 bilhões em operações e manutenção. Os três trechos mais movimentados, segundo a NovaDutra, são, nos dois sentidos, São Paulo-Arujá, com 220 mil veículos por dia; Rio-Nova Iguaçu, com 140 mil veículos/dia; e São José dos Campos-Taubaté, com 80 mil/dia. De acordo com a empresa, esses trechos mais movimentados são os que apresentam engarrafamentos.


Ainda assim, a empresa afirma que a rodovia não está saturada e que, por isso, não é necessária a construção de uma nova estrada. A concessionária prevê a construção de 55 quilômetros de vias marginais, obras que estão sendo discutidas com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).


Segundo o secretário paulista de Transportes, no entanto, há mais de 30 anos já se reconhece a necessidade de uma nova rodovia: — Não conheço a demanda. Diria que, para nós, já está na hora de chegar até Aparecida e daí para frente.


Arce não conhece o lado do Rio, mas arrisca um palpite sobre o possível traçado da nova estrada, que do lado paulista aria por Aparecida do Norte, Lorena e Queluz: — Acho que, no caso do Rio, há um movimento muito grande na região de cima da serra, de Volta Redonda, Barra Mansa, a entrada da Rio-Bahia, que começa ali — diz ele, reconhecendo que está “chutando”. — Como fazer lá no Rio, aonde chegar? Por exemplo, no Centro ou na Barra da Tijuca, que é hoje onde tem a grande densidade demográfica.


Segundo o engenheiro especialista em transportes Fernando McDowell, abrir caminho paralelo à Dutra no Rio pode gerar problemas sociais e econômicos, já que a região, ao contrário do que acontece ao longo da estrada em São Paulo, é muito adensada. O presidente da Fundação de Turismo de Angra dos Reis, Manoel Francisco de Oliveira, concorda. Para ele, uma boa sugestão seria aproveitar a antiga Estrada dos Tropeiros, que começa sete quilômetros antes de Taubaté, segue por Lagoinhas até Bananal — que fica pouco antes da divisa com o Rio — e continua, já em território fluminense, até a Três.


— A estrada que existe é precária. Mas poderia ser alargada e modernizada, evitando desapropriações. De a Três, ela poderia seguir pela RJ-155 e pela RJ-149, que desemboca em Mangaratiba, na Rio-Santos, rumo à Avenida Brasil, na altura de Santa Cruz. Outra opção seria seguir até Piraí, desembocando na Dutra — diz Manoel Francisco, acrescentando que qualquer das alternativas beneficiaria muito a Costa Verde, que recebe muitos turistas de São Paulo.


A idéia da nova estrada, garantiu Serra, não compete com a implantação do trem-bala entre as duas capitais.


Esse projeto segue em estudo e, segundo o secretário estadual de Transportes do Rio, Júlio Lopes, vai de vendo em popa: — Esta semana entreguei o projeto ao BNDES, orçado em aproximadamente R$ 20 bilhões. Acredito fortemente em sua viabilidade — diz Lopes, que está em Londres com Cabral, onde aproveita para fazer contatos e visitar estações de trens como o EuroStar. — Mas a Dutra em algum momento vai precisar de uma duplicação em trechos como a Serra das Araras, que está sobrecarregado e se transformou num gargalo.


Um consórcio japonês já apresentou sua proposta para desenvolver o trem-bala, mas ainda são aguardados grupos coreanos, ses e alemães. Em outubro, será apresentada a versão final do estudo de viabilidade. A licitação para as obras deve ser realizada no início de 2009.


— O trem-bala é outra coisa: é algo rápido, que não vai ficar parando em cada cidade. A estrada é sempre regional, pára em cada cidade. E a experiência mostra: a Dutra já está superlotada no trecho que não tem a Ayrton Senna. E se a gente pensar no número de anos que demora para ter essa estrada nova, para ter trem-bala, etc, é perfeitamente adequado se imaginar essa espécie de duplicação da Dutra até o Rio — afirmou Serra.


Engarrafada, mas sem buracos


Há 15 anos trafegando pela Via Dutra, o caminhoneiro André Oliveira, de Gramado, no Rio Grande do Sul, diz que a estrada está hoje entre as suas prediletas. E não é para menos: é difícil encontrar buracos na principal ligação entre o Rio e São Paulo, privatizada em 1996. A boa sinalização e um serviço eficiente de resgate 24 horas também merecem elogios de quem circula pela rodovia. As críticas ficam por conta do trânsito intenso em determinados pontos e do valor do pedágio: R$ 8,50 para os carros de eio.


— Quem roda muito como eu, sabe que a Dutra está muito boa, comparada a outras estradas que temos por aí. O principal problema é o trânsito pesado, principalmente nas entradas do Rio e de São Paulo, mas não tenho o que reclamar da conservação — diz Oliveira.


Atualmente, para os fluminenses, um motivo de transtorno tem sido os freqüentes congestionamentos na altura de São João de Meriti, entre a Casa do Alemão e o o a Belford Roxo, no sentido Rio-São Paulo. Com a obra de uma pista marginal, de 3,9 quilômetros de extensão, o trecho fica afunilado e há retenções não só em horários de rush, como em boa parte da manhã e da tarde.


De acordo com a concessionária NovaDutra, a nova pista terá duas faixas de rolamento e acostamento e visa exatamente a desafogar o trânsito na região. A previsão para a conclusão dos trabalhos é de dois anos e as obras serão entregues por etapas. Desde 1997, a empresa já construiu 10,8 quilômetros de novas pistas marginais entre o Rio e Nova Iguaçu.


Na próxima segunda-feira, dia 8, seis dos novos 25 radares que serão instalados até outubro na Dutra arão a funcionar. A instalação dos pardais é resultado de um estudo técnico, realizado no ano ado, que analisou o histórico de acidentes. De acordo com o acompanhamento realizado desde 1996 na rodovia,

Fonte: O Globo

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