Asiáticos se armam por trem-bala

O trem de alta velocidade brasileiro, antigo sonho de ligação rápida entre Rio e São Paulo, entra em fase crucial e as negociações para a formação de consórcios aumentam. O leilão está previsto para dia 2 de maio. Mas quem acompanha as negociações diz que o trem-bala tem atraído, até agora, muito mais investidores estrangeiros, especialmente asiáticos. Diante da falta de interesse de grandes grupos nacionais, chineses e coreanos se armam para ganhar o direito de explorar o trem por 40 anos, arcando com os custos da construção. Do Brasil, até agora só o frigorífico Bertin anunciou interesse no projeto e pode entrar em parceria com os coreanos. Em contrapartida, os fabricantes da China estariam negociando para serem os fornecedores de outras modalidades de transporte, como metrô e trens.


Para alguns, pode ser a primeira grande obra sem as tradicionais construtoras nacionais na liderança. Incrédulos, os brasileiros atentam mais para os riscos do trem-bala, que, segundo eles, são grandes, capazes de deixar o projeto, mais uma vez, no papel. Pesam as incertezas sobre os custos do projeto e o receio de uma guerra judicial para a obtenção de licenças ambientais e desapropriação de terras.


— Globalmente, os chineses são os únicos que podem encarar uma obra desse porte. Eles têm dinheiro e tecnologia.


O resto, como o interesse de coreanos, é só especulação. Pelo que conversamos com as construtoras brasileiras de grande porte, não há interesse algum — afirmou o diretor de uma empresa global de trens.


Custos ambientais preocupam


Segundo uma grande construtora, não há garantia de demanda. Outro aspecto criticado pela empreiteira é que não se discute a relação de preços entre ônibus e aviões.


— Será que vai haver alguma regulamentação em relação ao preço? — questiona uma das empreiteiras.


Mas isso parece não intimidar os chineses. Segundo uma fonte ligada ao governo, eles “são os mais interessados” em entrar no projeto: — O que eles têm demonstrado é que parte dos subsídios dispensados ao trem-bala voltariam com a venda de vagões e locomotivas para outras modalidades terrestres.


Para executivos mais pessimistas, o valor do trem-bala, quando as obras começarem, será estourado em, pelo menos, R$ 10 bilhões, por conta de custos ambientais e de desapropriação.


Para que o projeto saia do papel, há quem defenda a ideia de se construir o trem-bala em trechos e não realizar as obras de uma só vez.


Nos principais fundos de pensão do país, o assunto ainda nem entrou na pauta. A Petros, dos funcionários da Petrobras, informa que é necessário analisar tecnicamente o projeto para avaliar a possibilidade de investimento, assim como outras companhias.


Além do custo do projeto, o professor da Coppe/UFRJ, Richard Stephan, ressalta o aspecto tecnológico.


Para ele, o ideal é investir em modelos de levitação magnética, como os da China, e não em tradicionais.


— Trem-bala sobre trilhos existe no Japão há 50 anos. O governo não pode investir em um supermodelo de máquina de datilografar digital, enquanto o futuro já sinaliza os computadores — compara o especialista, que ameaça entrar na Justiça se o edital do governo, previsto para março, restringir novas tecnologias.


O diretor-executivo da Associação Nacional de Transportes Ferroviários (ANTF), Rodrigo Vilaça, acredita que os desafios são muitos. Ele ressalta que o projeto pode representar um salto na qualidade de obras públicas.


— O governo pode aproveitar essa oportunidade para criar um novo padrão de obras, com prazos e orçamentos cumpridos. Para isso, terá que resolver de maneira inteligente as questões ambientais.


A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) rebate as críticas informando que foi feito um longo trabalho de análise do projeto, que vai embasar todo o modelo do negócio.


Em nota, a agência diz que a viabilidade do projeto está assegurada. O órgão lembra que o BNDES financiará 60% da obra, além de estar prevista uma participação governamental: “Caberão à União todas as atividades de desapropriação e reassentamento referentes às áreas do traçado, estações, oficinas e pátios do trem de alta velocidade. O valor associado a estas atividades foi orçado em R$ 2,26 bilhões”, informou a ANTT, lembrando que a União deverá aportar R$ 1,13 bilhão para a concessão.


Porém, as oportunidades para as companhias do setor vão além do trem-bala. O interesse — dos chineses, por exemplo — ganha alento, já que, hoje, cerca de 80% da frota ferroviária precisa ser renovada no Brasil. E o Rio, sede dos Jogos em 2016, terá participação importante. Delmo Pinho, subsecretário de Transportes do Estado, lembra que está prestes a sair do papel a estrada de ferro que vai ligar o Norte Fluminense, ando por Minas Gerais, e o Centro-Oeste do país: — Também vamos melhorar as linhas do trem e expandir o Metrô.

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