O grupo sul-coreano Hyundai vai investir US$ 150 milhões na instalação de uma fábrica de máquinas e equipamentos de construção no Brasil até meados do próximo ano. Será a primeira unidade de equipamentos pesados da marca fora da Ásia. Com capacidade de produção anual de até 5 mil unidades – entre escavadeiras, retroescavadeiras e pás-carregadeiras -, a fábrica deverá abrir cerca de 650 postos de trabalho diretos.
O anúncio foi feito ontem, em São Paulo, por John Lim, presidente para as Américas da Hyundai Heavy Industries, divisão do grupo que produz máquinas e equipamentos.
“Ainda não definimos o local, mas quatro Estados estão na disputa pelos investimentos: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo”, disse o executivo coreano, que veio ao Brasil para a inauguração de um centro de distribuição da BMC – Brasil Máquinas de Construção, atual distribuidora da marca e parceira no investimento na futura fábrica.
Incentivos. Segundo ele, a definição do município onde a fábrica será instalada seguirá critérios como proximidade ao centro consumidor, facilidade de suprimento de componentes de fabricação locais e qualidade de mão de obra, além dos incentivos fiscais oferecidos pelos governos estaduais e municipais.
O executivo, que já esteve duas vezes em visita ao País, contou que a fábrica deverá ser instalada em um condomínio industrial, o que evitaria eventuais problemas para obtenção de licenças ambientais.
As obras de terraplenagem da fábrica de automóveis que a Hyundai pretende construir em Piracicaba, interior paulista, tiveram de ser suspensas por causa de dificuldades na obtenção dessas licenças. A previsão para conclusão das obras e início das operações está prevista para 2012, mas o cronograma pode sofrer atrasos.
Sem crise. No caso da fábrica de máquinas de construção, os planos vêm desde 2008, mas foram atropelados pela crise global. A matriz coreana chegou a desacreditar na capacidade de reação e recuperação da economia brasileira, o que quase resultou em adiamento do projeto.
No entanto, a demanda forte nas áreas de habitação e de infraestrutura, com a construção de estradas e projetos previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), levou a Hyundai a voltar atrás. A companhia decidiu suspender as unidades que pretendia erguer nos EUA e na Rússia e antecipou os investimentos no Brasil.
A previsão inicial era começar a produção de máquinas e equipamentos para construção no País apenas em 2012. Agora, a empresa quer dar partida na produção já em julho do próximo ano.
Na primeira fase do investimento, estimada em US$ 100 milhões, a capacidade da fábrica será de três mil máquinas por ano. Com investimento adicional de US$ 50 milhões, a empresa pretende chegar a cinco mil máquinas por ano.
Há dois anos, a BMC vendeu no Brasil 1.980 máquinas da Hyundai importadas da Coreia do Sul. Em 2009, esse número recuou para 990. Mas, só no primeiro trimestre deste ano, já foram colocadas 700 máquinas no mercado brasileiro.
A previsão do presidente da BMC, Felipe Cavallieri, é de chegar a 2 milhões de unidades vendidas no País até o fim do ano.
Segundo ele, grandes obras como a Usina de Belo Monte, o trem bala que vai unir São Paulo e Rio de janeiro e a rodovia Transnordestina devem consumir uma terça parte das máquinas que serão vendidas nos próximos anos.
“As previsões mais conservadoras são de que o mercado cresça 25%, o que significaria aumento de 4% sobre 2008, ou seja, de novo um ano espetacular”, disse Cavallieri.
Aposta
A Hyundai Heavy Industries já deu mostras de seu interesse no Brasil ao comprar, este ano, uma participação de 10% na OSX, empresa de estaleiros do grupo EBX, de Eike Batista.
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