As usinas siderúrgicas brasileiras estão com um problema ambiental sério. Como se livrar da escória de aciaria sem contaminar o meio à sua volta e sem ter que colocar montanhas de resíduos dentro de contêineres, como quer o Conama – Conselho Nacional de Meio Ambiente? Uma saída seria convencer as ferrovias a voltar a usar o material como lastro da via permanente, o que a EF Vitória a Minas, cercada por aciarias, fez por 20 anos. O problema é que a própria EFVM chegou à conclusão que a escória é friável e gera finos em excesso – o que diminui a vida útil do lastro e aumenta o custo de manutenção. Pior, o material conduz energia elétrica por seu teor em metais ferrosos. Em período de chuva isso pode causar falsa ocupação em blocos da linha, interrompendo o tráfego e obrigando a vistorias desnecessárias. Assim é que, desde 2005, a ferrovia da Vale parou de usar o material, que continuou se acumulando nas aciarias (a escória de gusa pode ser usada na fabricação de cimento, mas não a escória de aciaria).
Ontem, quarta-feira (14), representantes da indústria siderúrgica estiveram no CB-6, a seção ferroviária da Associação Brasileira de Normas Técnicas, que se reúne regularmente no Simefre. Levaram consigo o maior especialista brasileiro em escória para lastro, o professor Gilberto Fernandes, da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto (MG). Este procurou demonstrar aos operadores e industriais ferroviários que a escória de aciaria, uma vez tratada, ganha estabilidade e não apresenta as deficiências observadas na EFVM. O tratamento é relativamente simples e consiste em irrigar a escória durante 45 dias. Depois disso, garante o professor, os testes feitos no Laboratório de Pesquisas Ferroviárias da Escola revelam que a escória fica tão boa ou melhor do que a brita convencional. Com a vantagem de custar menos da metade (cerca de R$ 35,00 por metro cúbico de brita na pedreira contra R$ 15 de escória tratada na aciaria). Os ferroviários do CB6 acharam interessante, mas pediram a comprovação em testes de campo. Só depois disso poderão recomendar a inclusão do uso da escória nas normas técnicas da ABNT, ajudando as siderúrgicas a se livrar do problema.
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