A Vale é a primeira empresa do país a desenvolver o sistema de helper dinâmico, locomotiva que se acopla ao trem em movimento, auxiliando nas operações ferroviárias em subidas. Antes era necessário parar o trem e acoplar uma locomotiva auxiliar antes de seguir viagem, hoje o procedimento é feito com o trem em movimento, por meio da aproximação dinâmica. A estimativa é que haja ganho de até 5% no consumo de combustível, já que os momentos de maior consumo são as paradas e frenagens dos trens.
O sistema funciona por meio de aproximação dinâmica, ou seja, o alinhamento dos engates é feito por sinal a laser. O helper aguarda a chegada do trem em um pátio de apoio à linha principal. Quando a composição se aproxima, a helper persegue o trem na linha, eles sincronizam as velocidades e acontece o engate com o trem em movimento. A locomotiva (helper) acopla na cauda do trem e não tem maquinista.
Atualmente, o helper está sendo feito com o maquinista operando o equipamento na aproximação, acoplamento e teste do engate. Como a aceleração e frenagem são manuais, o sistema vai ando as coordenadas e o maquinista aumenta ou reduz a velocidade. Quando o sistema estiver funcionando plenamente, o comando é automático, o maquinista acompanhará a operação, ao invés de fazê-la manualmente.
A tecnologia faz parte do investimento de cerca de R$ 60 milhões que a companhia fará em desenvolvimento e aplicação de tecnologias inovadoras nas estradas de ferro Vitória a Minas (EFVM) e Carajás (EFC), e nos portos, em 2010.
Procuramos buscar o que há de melhor em termos de tecnologia no mercado para modernizar nossas ferrovias e portos e também adaptar tecnologias para a realidade das ferrovias de carga pesada, o que não é típico na indústria, afirma o diretor de Operações Logísticas da Vale, Humberto Freitas.
A operação remota de locomotivas também é uma novidade. Dois equipamentos estão em fase de testes na Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM). Eles permitem que o maquinista saia da cabine da locomotiva e faça a manobra, através de um controle remoto, em uma posição privilegiada, tendo a visão completa da operação. Os testes estão sendo realizados nos pátios de Engenheiro Bandeira (MG) e Ouro Branco (MG), ambos da EFVM.
Os maquinistas conseguem fazer as manobras sem depender da comunicação por rádio com os manobreiros. Ganhamos velocidade no processo, reduzindo o tempo das manobras, explica o Gerente Geral de Inovação e Desenvolvimento Ferroviário, Gustavo Mucci. Até o final do ano, mais dois equipamentos serão testados na mesma ferrovia. O investimento total é de R$ 4,6 milhões.
A área de Logística também desenvolveu um sistema de inteligência artificial, que recebe investimentos de R$ 9 milhões, no Terminal Portuário de Ponta da Madeira (MA). O novo sistema permite a todas as máquinas empilhadeiras e recuperadoras – usadas para transferir o minério do pátio para as correias transportadoras, até o navio – operarem de forma remota. O sistema funciona por meio de um software que possibilita o comando à distância das máquinas, a partir do Centro de Controle e Operações do Porto. A Vale também é pioneira no uso desta tecnologia no Brasil, já que é única que tem um terminal portuário com todas as máquinas de pátio operando em modo remoto.
A partir de câmeras e sensores instalados nas máquinas, conseguimos levar operadores até um ponto distante dos equipamentos, para que tenham visão do pátio como um todo e operem de forma remota, explica Humberto Freitas.
Os investimentos também incluem o simulador de trens que começou a ser usado em março deste ano, no Centro de Excelência em Logística (CEL), em Vitória (ES), desenvolvido em parceria com a Escola Politécnica da USP, no valor de R$ 2,5 milhões.
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