É o principal assunto na campanha, mas não é tão fácil quanto parece. Para oferecer mais metrô e menos pedágio aos paulistas, o próximo governador do Estado terá de assumir prejuízos financeiros, caso aceite reduzir a outorga das concessionárias de rodovias (espécie de aluguel pago ao governo), e políticos, já que obras de metrô demoram e provocam transtornos urbanos, como desapropriações e reflexos no trânsito.
Para Nicolau Gualda, professor titular de planejamento e operação de transportes da USP, a economia e o desempenho do Estado estão ameaçados diante da ausência de projetos de mobilidade.
“O próximo governador terá de optar. Vai forçar o governo federal a agir, na questão dos aeroportos, por exemplo? Vai lutar pela estadualização ou pela privatização? É um assunto que precisa ser resolvido. Do jeito que está não pode continuar”, alerta.
Criar mais linhas de metrô para amenizar a sobrecarga do sistema é outro projeto antigo, que não acompanhou o ritmo dos usuários. “Essa demora custa caro. A cidade está ocupada.
Cada quilômetro novo de metrô exige desapropriações e investimentos muito maiores e mais demorados. Veja a linha 4-amarela: há quanto tempo está sendo construída?”, questiona a professora de urbanismo Maria Lúcia Refinetti, da USP.
A especialista diz que, para não persistir no erro, o governo deve oferecer também outros sistemas, como corredores de ônibus e ciclovias. “Isso pode evitar os chamados monotrilhos [modelo de metrô elevado, por superfície], que são uma aberração urbana.”
Expansão
Apesar de cara e trabalhosa, a expansão do metrô depende apenas do governo. Já a redução dos preços dos pedágios nas rodovias implica negociação com as concessionárias –o Estado não pode romper os contratos em vigência, de no mínimo 20 anos.
Para Creso de Franco Peixoto, especialista em transportes e professor da FEI, a redução da tarifa só é possível se o próximo governador aceitar reduzir a outorga, que é de cerca de 30% do valor.
“As rodovias paulistas são as melhores e têm os pedágios mais caros do Brasil. Mas a tarifa é resultado de um modelo de concessão diferenciado. Em São Paulo, a escolha não é pela empresa que cobra o pedágio mais barato, mas pela que oferece contrapartida maior ao Estado.” Para Peixoto, o governo deve tentar um acordo. “Se o caixa hoje está bom, dá para reduzir essa taxa. Pedágio é solução, não problema.”
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