O Governo do Estado deve assumir, a partir do próximo dia 15, estudos de viabilidade de quatro trechos da Ferronorte, a estrada de ferro que liga Mato Grosso ao Porto de Santos (SP), que estavam, até o momento, sob a responsabilidade da América Latina Logística (ALL).
A medida é uma tentativa de agilizar as obras, já que a empresa desistiu de assumir a construção dos trechos, devolvendo para o Ministério dos Transportes.
Na última terça-feira (31), o governador Silval Barbosa (PMDB), o ex-governador Blairo Maggi (PR) e o diretor-geral do Departamento de Infraestrutura e Transporte (DNIT), Luiz Antônio Pagot, se reuniram com o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio os, para discutir a respeito da ferrovia, importante instrumento de escoamento de grãos de Mato Grosso.
De acordo com o vereador e membro do Fórum Pró-Ferrovia, Francisco Vuolo (PR), a ideia é de que o Estado faça estudos técnicos, econômicos e de impacto ambiental para ganhar tempo e não atrasar, ainda mais, a construção da ferrovia até Cuiabá.
As obras não estão paralisadas. Já está em fase de terraplanagem o trecho de 100 km, que vai de Alto Araguaia até Itiquira [Sul do Estado]. A garantia que queremos é a de que, ao chegar em Rondonópolis, onde termina este trecho, as obras não parem. Queremos avançar o mais rápido possível, informou.
No começo deste ano, quando especulações a respeito de uma possível desistência por parte da ALL começaram, a empresa declarou que o trecho entre Alto Araguaia e Rondonópolis, de 203 km, seria terminado em 2012. Ao MídiaNews, Vuolo reafirmou o prazo.
Os quatro trechos devolvidos pela ALL ao Ministério dos Transportes são: Rondonópolis à Cuiabá; Cuiabá à Porto Velho (RO); Cuiabá ao Porto de Santarém (PA) e de Rondonópolis à Araguari (MG).
Segundo Vuolo, se Mato Grosso assumir a responsabilidade, serão pelo menos 4 mil dos 5 mil km que a ferrovia possui nas mãos do estado.
De olho na Copa
Outro ponto citado pelo vereador é o interesse do Estado em finalizar as obras visando ao Mundial de 2014.
Entre os projetos sinalizados pelo Fórum Pró-Ferrovia estaria o de possibilitar o transporte de ageiros entre Rondonópolis e Cuiabá, o que faria com que o trecho fosse entregue antes da Copa.
Com a mudança do processo, que retira a ALL como a responsável, o mote da Copa se torna importante para acelerar ainda mais as obras. Além disso, seria interessante para o turista e a população mato-grossense, que teria uma outra forma de transporte, disse Vuolo.
A partir da do termo técnico, no dia 15, por parte do Ministério dos Transportes, para que Mato Grosso assuma os estudos de viabilidade dos trechos, o próximo o mais importante será a definição imediata de quem irá construir a ferrovia.
A ferrovia
Ferronorte, ou Ferrovia Norte Brasil, é uma empresa ferroviária criada pelo empresário Olacyr Francisco de Moraes, com o propósito de ligar Porto Velho (RO) e Santarém (PA), ando por Cuiabá, e interligando-se a Fepasa em Santa Fé do Sul (SP) e, a partir desta, atingindo o Porto de Santos.
A ferrovia é uma concessão federal, por 90 anos, inicialmente concedida para a empresa privada Ferronorte S.A..
A ideia da construção de uma ferrovia interligando o Centro-Oeste ao Sudeste do País foi proposta por Euclides da Cunha, em 1901.
Em 1975, Vicente Vuolo, pai de Francisco Vuolo e então deputado federal por Mato Grosso, apresentou projeto de lei para inclusão no Plano Nacional de Viação de ligação entre São Paulo e Cuiabá.
O traçado da nova ferrovia partiria de Rubinéia (SP), ando por Aparecida do Taboado (MS), Rondonópolis e atingiria Cuiabá, conforme a Lei 6.346 de 6 de julho de 1976.
Em 19 de maio de 1989, foi assinado o contrato de concessão da ferrovia, e após inúmeros adiamentos, foram iniciadas as obras do trecho Santa Fé do Sul (SP) – Alto Araguaia, em 1991. Estas foram concluídas em 1998, quando o trecho ou a entrar em operação.
Foi criada em julho de 1998, a holding Ferropasa, empresa que controlava as ferrovias Ferronorte e Novoeste. Em novembro de 1998, a Ferropasa fez parte do grupo vendedor do leilão da Malha Paulista (ex-Fepasa), que ou a ser denominada Ferroban.
Posteriormente, foi criada a holding Brasil Ferrovias, que congregava a operação da Novoeste, Ferronorte e Ferroban.
Em 2006, o controle do Grupo Brasil Ferrovias foi assumido pela América Latina Logística e a Ferronorte a a ser nomeada como América Latina Logística Malha Norte S.A., após aprovação em 6 de agosto de 2008 pela ANTT (Deliberação 289/08). Ela é responsável por parte do escoamento de parte da soja produzida no Oeste do País.
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