Artigo – Elio Gaspari: SuperVia, a paixão pela demofobia

*Elio Gaspari é colunista do jornal o Globo


Atendendo a um pedido do Ministério Público, a 13ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro determinou que a SuperVia, concessionária dos serviços de transporte ferroviário da cidade, conserte e mantenha em funcionamento as escadas rolantes que dão o às estações do Méier e de Madureira.


O Tribunal de Justiça teve que entrar no caso porque a empresa não cuidava das escadas, atrapalhando o o da patuleia às estações. Pior. Ela se recusou a um Termo de Ajustamento de Conduta e, segundo a Promotoria, argumentou que, para o correto funcionamento das escadas, seria necessária “uma mudança nos padrões culturais da população, reeducando-a a preservar o patrimônio público”.


A SuperVia produziu um documento histórico, primoroso exemplo de demofobia, o horror ao povo. Quem vai reeducar a população? A SuperVia, que foi multada em cerca de R$ 150 mil porque em 2009 seus jagunços chicotearam ageiros que estavam na estação de Madureira. Na ocasião, o diretor de marketing da empresa procurou educar a população, ensinando: “Todos os ageiros que cumprem as regras são excelentemente tratados. Aqueles que são marginais, prendem a porta e fazem baderna não podem ter o mesmo tratamento”. Falso.


Imagens gravadas mostravam capangas agredindo ageiros que estavam dentro do vagão. O doutor foi mantido no cargo e quatro jagunços, aos quais havia sido dado apenas um dia de treinamento, foram sumariamente demitidos.


A ideia de que o brasileiro precisa ser reeducado é uma interessante manifestação demofóbica. Todos os brasileiros? Inclusive os diretores da SuperVia? Só aqueles que usam os serviços da empresa? Que tal reeducar a SuperVia?


O Metrô mantém dezenas de escadas rolantes, inclusive aquelas que dão o ao lindo edifício da velha Central do Brasil. Funcionam perfeitamente. Aqui e ali aparecem problemas e atos de vandalismo.


Daí a se atribuir à população uma genérica falta de educação vai distância enorme. Problemas sempre ocorrem, uns provocados por vândalos, outros por doutores.
Até hoje a SuperVia não cumpriu suas próprias metas e, com alguma razão, diz que o governo do Estado descumpriu parte do que havia combinado. Este, por sua vez, mimou a empresa prorrogando por 25 anos o contrato de concessão do serviço.


Em novembro, acreditava-se que todos ficariam felizes porque a Odebrecht parecia prestes a ficar com o negócio. Essas encrencas não seriam suficientes para se achar que os empresários e governantes brasileiros precisam ser reeducados para que se possa preservar o patrimônio público. Assim como nas estações de Madureira e do Méier, basta ficar de olho na freguesia, dissuadindo visigodos que destroem escadas e ostrogodos que negociam privatarias.


Choldra mal-educada, herança escravocrata, legado da colonização ibérica, preguiça tropical e outros menosprezos , são artifícios criados pelo andar de cima para defender seus interesses em nome do horror ao povo. Quando um sujeito diz que o brasileiro não sabe fazer isso ou aquilo, cabe sempre a pergunta: “Inclusive você?” Nunca, o brasileiro inepto é sempre o outro, e o argumento da sua incapacidade frequentemente serve a um interesse. No caso, um cascalho, não consertar as escadas rolantes das estações do Méier e de Madureira.

Borrowers who would look cash advance payday loans their short . payday loans

It is why would payday cash advance loan want more simultaneous loans. payday loans

Payday lenders so why payday loans online look at.

Bad lenders will be payday loans online credit bureau.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*



808