Um estudo, desenvolvido pelo engenheiro e consultor Sérgio P. Torggler, que propõe um sistema revolucionário que substitui locomotivas por vagões automatizados e motorizados no transporte de carga geral foi apresentado nesta terça-feira (03/03) no 6º Congresso de Infraestrutura de Transportes (Coninfra), em São Paulo. A pesquisa levou em conta a necessidade setor ferroviário brasileiro de buscar formas de se tornar mais competitivo em relação ao rodoviário, para conquistar a preferência dos clientes. Os vagões seriam controlados à distância por uma central de controle.
A ideia é abandonar do uso de comboios, que segundo Torggler, é a principal causa da improdutividade e da perda de valor do transporte ferroviário aos olhos do usuário de transporte de cargas variadas. “A improdutividade está ligada a forma de se organizar os dispositivos ferroviários. O comboio é incompatível com a grande demanda de cargas do mundo moderno, formada por cargas menores, fracionadas e de muitas origens para muitos destinos. O modelo de produção pautado no uso de locomotivas é a barreira ao aumento da qualidade e do valor do serviço prestado ao consumidor”, afirma o engenheiro.
Os componentes de um vagão automatizado são (conforme a figura): (1) Vagão ferroviário, que pode ser de qualquer tipo (na figura é mostrado um vagão do tipo plataforma, destinado ao transporte de caminhões e contêineres); (2) Motores elétricos conectados às rodas por coroa, pinhão e corrente; (3) Dispositivo de alimentação de energia elétrica, formada por um terminal de contato com barra eletrificada da linha fixa (dispositivo utilizado nos trens metropolitanos); (4) Baterias de alto desempenho e capacidade de carga (Ex.: bateria Zebra); (5) Supercapacitores ou ultracapacitores, destinados ao armazenamento de carga rápida; (6) Computador de bordo com programas de auto-gestão da unidade; (7) Acionadores dos motores e dos freios; (8) Antena de comunicação com os dispositivos da via fixa e com o computador central; (9) Sistema de compressor para e de ar para os freios; (10) Sensores de posicionamento, movimentação e de aproximação com outras unidades.
A motorização de unidades autônomas poderá proporcionar ganhos de produtividade pela eliminação do tempo de espera para formação de comboios e pelo uso de uma relação potência/carga mais elevada.
Enquanto o sonho ainda não saiu do papel, Torggler busca patrocinadores para desenvolver o primeiro protótipo de vagão motorizado. Ele já apresentou o projeto à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e aguarda resposta.
O estudo foi eleito o melhor trabalho na área de ferrovias e metrôs do Coninfra 2012, segundo a Associação de Infraestrutura e Transportes – Andit.
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