De onde vem e para onde vai a população da Região Metropolitana do Rio? As respostas de 340 mil pessoas para essa elementar questão, que permitirão traçar um panorama da mobilidade urbana nos 20 municípios da região, começaram a ser coletadas no mês ado por agentes da Secretaria estadual de Transportes em domicílios, sinais de trânsito, ônibus e vans. Reunidas, as repostas formarão a base do Plano Diretor de Transportes Urbanos (PDTU) 2012 — uma espécie de censo dos transportes —, com divulgação prevista para março de 2013.
Sem atualização desde 2003, o plano fornece dados para o desenvolvimento de políticas públicas na área de transportes. O principal objetivo, segundo a secretaria, é identificar padrões de viagens, necessidades e expectativas de ageiros e transportadores. Há três semanas, foi iniciada a segunda etapa das pesquisas de campo para a elaboração do PDTU, com 120 agentes nas ruas. Eles têm feito a abordagem de motoristas em sinais de trânsito e de ageiros em ônibus e vans, além de entrevistas domiciliares.
No primeiro semestre, os agentes realizaram o mesmo trabalho nos meios de transporte de massa, ou seja, metrô, trens e barcas. Segundo dados da secretaria, hoje, os três respondem por menos de 25% dos deslocamentos na Região Metropolitana. A meta do órgão é que até 2016 esse número chegue a 60%, incluindo os deslocamentos feitos nos ônibus dos sistemas BRT. O último PDTU mostrava uma grande dependência da região em relação aos ônibus comuns, que transportavam simplesmente 70% dos ageiros.
Para o secretário da pasta, Julio Lopes, a necessidade de adequar a estrutura de transporte da região à demanda existente cresceu na última década com o aumento do poder aquisitivo das classes C e D:
— Com melhor condição financeira, as pessoas ganham mobilidade. Esse fenômeno, que se vê em todo o país, é ainda mais forte no Rio, cuja economia vem crescendo mais do que a de outros estados. O número de viagens aqui cresce na mesma proporção. O PDTU nos ajudará a adequar a oferta a essa nova demanda.
Foco em cenários futuros
A pesquisa em curso nas ruas foca a origem e destino do ageiro, e o transporte usado, como explica o coordenador do projeto de atualização do PDTU, o engenheiro de transportes Newton Leão:
— Conhecer os hábitos diários de deslocamento das pessoas é o grande produto da pesquisa. Vamos determinar ainda a taxa de ocupação dos principais corredores da região por cada tipo de veículo. Depois, estimamos a ocupação das vias secundárias e podemos definir o impacto da ocupação das vias nas demandas por transporte público.
Segundo Leão, os dados gerarão um modelo que permite simular cenários futuros:
— Temos empreendimentos como o Comperj e o Porto Maravilha, que produzem fortes impactos. O software usado para o PDTU permitirá fazer projeções e sugerir soluções.
Usando estudos da prefeitura e os dados do PDTU, a secretaria pretende ainda fazer projeções para o período da Copa do Mundo e das Olimpíadas.
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