O presidente da Cosan, Marcos Lutz, disse nesta quarta-feira (14/08), durante teleconferência, que a Rumo Logística está colocando mais caminhões na serra, a caminho do porto de Santos. O motivo do aumento de caminhões de açúcar nas estradas seria o não cumprimento do acordo que a ALL tem com o grupo sucroalcooleiro para o transporte da commoditie por trem.
“Fizemos uma operação gigantesca utilizando os terminais, outras ferrovias e a própria ALL para o transporte da safra. Na prática, na Rumo, estou transportando 100% dos meus contratos. Todos os meus clientes estão sendo atendidos, obviamente com um pouco mais de barulho, um pouco mais de caminhão descendo a serra, etc, mas estamos conseguindo performar os contratos comerciais”, explicou Lutz
O executivo explicou ainda que a demanda de transporte está maior que o planejado e que de alguma forma terá que existir oferta de transporte. “É uma questão de atrasos e de construção de capacidade. É bom lembrar que é uma empresa (ALL) regulada. Existe a ANTT, EPL, uma série de projetos do governo de aumento de capacidade ferroviária que vão acontecer de uma forma ou de outra. Eu, efetivamente, acredito que a ALL trará sim o seu nível de serviço para atendimento 100% da Rumo em contrato. É caro para ela não fazer isso”, ressaltou o executivo.
A Revista Ferroviária apurou que existe uma multa por não cumprimento do contrato que a Cosan cobra da ALL. E como declarou o presidente da Cosan é caro para a ALL não cumprir o acordado. Volumes crescentes estão descendo a serra por caminhão e não por trem, embora a Cosan tenha investido em frota, terminais e via. Segundo a Cosan, o grupo já fez 90% do investimento total acordado com a concessionária.
O acordo entre a ALL e a Cosan contempla investimentos, por parte do grupo sucroalcooleiro, para a duplicação da linha da ALL de Itirapina a Santos, em andamento; terminais e compra de 50 locomotivas e 929 vagões. Esse é o primeiro investimento privado em ferrovia a ser executado no modelo semelhante ao que o Governo Federal anunciou no Programa de Investimentos em Logística.
A teleconferência da Cosan foi realizada para explicar o fim da negociação da companhia para a compra das ações do bloco de controle da ALL. O presidente da Cosan, Marcos Lutz, disse que a empresa e os sócios do grupo de controle da ALL não chegaram a um acordo sobre preços ao longo de um ano e meio de negociação.
“A questão é que quando você começa a construir isso com muitos acionistas, às vezes, é muito difícil para o nosso lado conseguir um negócio que fizesse valer a pena na combinação do que você tinha de restrição de operação atual, versos o prêmio que você está tendo que se dispor a pagar. No final, ou a não ser um negócio que criasse valor para a Cosan e achamos que precisamos ter uma disciplina grande, especialmente nos tempos de hoje, com o capex. Foi uma decisão dura, mas uma decisão que achamos que tinha de ser tomada. Todo mundo estava perdendo o foco, de um lado e do outro, do lado da ALL e do lado nosso. E achamos que era importante cada um focar nos seus projetos”, explicou o presidente da Cosan.
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