A Vale encerrou o quarto trimestre com um prejuízo bilionário com a adesão ao Refis, programa do governo federal para parcelamento de dívidas tributárias ligadas a coligadas no exterior. A mineradora teve perdas de R$ 14,87 bilhões nos últimos três meses de 2013, quase o triplo do resultado negativo em R$ 5,46 bilhões de um ano antes.
Sem isso, a companhia teria ficado no zero a zero. A entrada no programa teve um impacto negativo de R$ 14,8 bilhões no balanço do período. Apesar do impacto expressivo, o valor ficou abaixo dos R$ 20,72 bilhões estimados pela direção da Vale, por conta dos descontos na dívida oferecidos pelo programa.
Do lado operacional, no entanto, o desempenho foi melhor que o registrado no quarto trimestre de 2012. O resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, em inglês) ficou em R$ 15,13 bilhões, alta de 65,4% em relação a um ano antes. Esse número desconsidera efeitos não recorrentes, como a adesão ao Refis e baixas contábeis de ativos e ficou acima do estimado por analistas de mercado consultados pelo Valor.
O aumento nos preço do minério de ferro em relação a um ano antes e o dólar mais caro em relação ao real contribuíram para o resultado. Esses fatores compensaram a queda de 1,8% na produção da commodity em relação a um ano antes, para 81,2 milhões de toneladas. As receitas totais cresceram no período, para R$ 30,6 bilhões.
E, como já vinha ocorrendo ao longo do ano, os custos de produção ficaram mais contidos. A margem bruta da companhia cresceu 4,5 pontos percentuais, para 48%. As despesas com vendas, istrativas e com pesquisa e desenvolvimento também caíram, seguindo a estratégia prometida pela empresa de botar o pé no freio para focar em rentabilidade.
Aqui, no entanto, os efeitos “não recorrentes” voltaram a fazer estrago. No quarto trimestre de 2013, a mineradora fez uma baixa de R$ 5,39 bilhões referente à operação de potássio Rio Colorado, na Argentina, reconhecendo as perdas com a unidade, cuja produção está suspensa desde o começo do ano ado.
Ainda assim, as perdas com baixas de ativos foram menores que aquelas feitas no quarto trimestre de 2012, quando a Vale fez ajustes de mais de R$ 8 bilhões, como parte da estratégia de abrir mão de projetos que já não davam o retorno esperado.
Desconsiderando os efeitos “não recorrentes” que assombraram a companhia ao longo de todo o ano, como adesão ao Refis e baixas de ativos, a mineradora teria tido lucro de R$ 7,4 bilhões no quarto trimestre, 91,7% a mais do que um ano antes. Em 2013, o lucro foi de apenas R$ 115 milhões, contra ganhos de R$ 9,89 bilhões do ano anterior. Sem os fatores “pontuais”, o resultado seria positivo em R$ 26,72 bilhões, alta de 30,1% sobre 2012.
O diretor executivo de finanças da Vale, Luciano Siani, comemorou o fato de a empresa ter fechado o ano no azul mesmo toda a “faxina” nos resultados da empresa. Ele lembrou que a valorização do dólar em relação ao real no período pesou sobre as dívidas da companhia e destacou o bom resultado do Ebitda. O indicador ajustado, sem fatores não recorrentes, aumentou 50% em dólares em 2013 em relação ao ano anterior como resultado de recordes nas vendas.
Siani também destacou o papel da redução de custos nos resultados do ano. A empresa registrou uma economia de US$ 2,8 bilhões quando se compara custos e despesas de 2013 com 2012. Segundo ele, 2013 deve ser lembrado como o ano em que a Vale conseguiu eliminar grande parte das incertezas que rondavam a companhia, como a adesão ao Refis e a obtenção da licença ambiental para o maior projeto da história da companhia, o S11D, em Carajás, no Pará. Outro ponto destacado pelo executivo foi a melhora no segmento de metais não ferrosos da companhia.
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