Barbosa diz que não há volta de ‘política heterodoxa’ com uso de banco público

O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, afirmou ontem que o uso dos bancos públicos como instrumento para reativar a economia não é uma discussão que sinaliza qualquer volta de políticas heterodoxas no governo.

“Ortodoxia ou heterodoxia não são os termos mais corretos para qualificar essa discussão. A discussão é ser eficiente ou não ser eficiente. No momento em que a economia precisa de capital de giro, não havendo custos adicionais para o Tesouro Nacional, é obrigação do governo fazer isso.”

Em Davos, na Suíça, após o segundo dia de atividades no Fórum Econômico Mundial, Barbosa disse que a ideia é apenas retomar algumas práticas que ocorriam já antes de 2008, quando houve o governo começou a conceder crédito com equalização da taxa de juros.

Segundo ele, os dados do Banco do Brasil indicam que houve aumento dos depósitos de poupança, o que dá liquidez e capacidade para alocar nas linhas em que não há equalização. O BNDES também ganhou liquidez por causa do pagamento das “pedaladas” fiscais. E o FGTS pode atuar mais fortemente em linhas de financiamento de infraestrutura e habitação, observou o ministro.

Barbosa manifestou a expectativa de que o nível de atividade econômica se estabilizará no terceiro trimestre e voltará à trajetória de crescimento nos últimos três meses do ano. Ele acredita que a inflação ficará em 6,5% ou “abaixo disso” em 2016. As revisões serão apresentadas com a publicação, em meados de fevereiro, do decreto de contingenciamento orçamentário. “Ainda temos muita volatilidade e precisamos ver como se comportam os preços da energia”, afirmou.

Os empresários e altos executivos com quem Barbosa se reuniu em Davos, nos últimos dois dias, sugeriram a criação de uma agência destinada especificamente à atração de investimentos estrangeiros. Na verdade, o interesse dos investidores é ter um órgão capaz de centralizar informações sobre marcos regulatórios e questões tributárias.

Segundo Barbosa, a ideia de uma agência chegou a ser aventada na reforma istrativa, no fim do ano ado, mas não foi levada adiante porque o governo não queria ampliar a máquina pública. O ministro comentou que uma possibilidade é restruturar a Apex ou a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial.

Para ele, sua participação em Davos e o contato com empresários têm sido importantes para esclarecer as perspectivas da economia brasileira e lembrá-los de que as promessas feitas pelo antecessor Joaquim Levy, no ano ado, foram cumpridas.

Barbosa mencionou, como exemplos, a revisão dos subsídios e das pensões. “O fato de ter ocorrido uma contração do PIB maior do que o esperado e isso ter comprometido as metas fiscais não elimina as nossas realizações”, argumentou o ministro.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*



1222