BR-158 é única rota para escoar safra da região

Ignorada pelo governo federal em seus pacotes de concessão
rodoviária, a BR-158 é hoje a única rota de escoamento de grãos da região
nordeste de Mato Grosso, área de maior crescimento do agronegócio no Estado.
Apesar da relevância logística, a estrada aberta há mais de 30 anos ainda está em
leito natural, repleta de atoleiros e pontes de ferro apodrecidas.
Regularmente, registram-se casos de quedas de caminhões de carga e mortes de
motoristas.

Dentro da reserva Marãiwatsédé (que na língua xavante
significa mato fechado ou mata perigosa), o trecho da rodovia tem 114
quilômetros de extensão. Os índios obtiveram a declaração de sua terra em 1993,
mas a área de 165 mil hectares só foi homologada pela União em 1998, tendo sido
completamente invadida por não índios nos anos 1990.

Após anos de brigas judiciais, os xavantes conseguiram
retornar à região em 2012. Os não índios tiveram de sair e a cidade que havia
ali foi derrubada. O tráfego pela estrada, porém, nunca parou. Atualmente, 7
milhões de toneladas por ano, colhidas em mais de 1,5 milhão de hectares,
am pelas terras dos xavantes.

Em 2014, o governo chegou a analisar a possibilidade de
fazer um contorno na estrada, ando por fora da reserva. Mas o traçado bateu
em cima de um cemitério indígena e foi abandonado.

O governo de Mato Grosso fez as contas sobre o impacto
financeiro de um segundo contorno. A viagem aumentaria em 70 quilômetros. A
pavimentação do trecho da reserva, avaliada em R$ 250 milhões, saltaria para R$
528 milhões. O custo do frete, segundo o governo estadual, cresceria cerca de
R$ 170 milhões por ano. E os gastos anuais com manutenção do trecho seriam R$ 8
milhões maiores que aquele previsto para o traçado que hoje corta a reserva
indígena.

“Em dez anos, esses valores chegariam a mais de R$ 2 bilhões.
Então, está na hora de sermos pragmáticos e falarmos de desenvolvimento para o
índio e o não índio. Desviar a pavimentação é isolar os índios desse
desenvolvimento. Sob o pretexto de preservá-los, estamos acabando com eles, ao
abandoná-los”, diz Carlos Fávaro, vice-governador do Estado e responsável pela
pasta de Meio Ambiente.

PEC. O governo do
Estado está de olho no andamento da Proposta de Emenda à Constituição (PEC)
215, que altera regras de demarcação de terras, ao retirar essa atribuição do
governo, reando-a para o Congresso Nacional. O Executivo estadual defende
um aperfeiçoamento da proposta. O governo da ex-presidente Dilma Rousseff
considerava a PEC inconstitucional. O atual ministro do Meio Ambiente, José
Sarney Filho, também se manifestou contra a mudança.

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