Quase 80% dos empresários avaliam que investir em projetos
de infraestrutura no Brasil tem risco elevado e acima da média mundial. Além de
questões ambientais e de desapropriação, o aumento da judicialização no setor
tem sido um grande entrave para 67% dos empreendedores, que pedem o
aperfeiçoamento da regulamentação atual, mostra uma pesquisa feita pela Câmara
Americana de Comércio Brasil-Estados Unidos (Amcham) e Associação Brasileira da
Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib).
De acordo com a sondagem, 69% dos empresários veem o
ambiente de negócios em infraestrutura como ruim ou péssimo. “Era um resultado
esperado, uma vez que um dos elementos essenciais em infraestrutura é ter um
ambiente econômico e político estável”, afirma a presidente executiva da
Amcham, Deborah Vieitas.
Segundo ela, na lista de preocupação dos empresários, o
funcionamento das agências reguladoras está entre os assuntos que merecem ter
as discussões ampliadas. Há anos o setor reivindica maior independência
financeira e istrativa dos órgãos reguladores para dar mais segurança nas
decisões de investimentos. Nos últimos anos, algumas agências sofreram um
grande esvaziamento e perderam poder de decisão e de fiscalização.
Outros entraves que atormentam o dia a dia dos empreendedores
são os processos ambientais, que ajudam a atrasar o cronograma de obras Brasil
afora e elevam os custos de investimentos. “O ideal é colocar concessões no
mercado já com a licença ambiental concedida”, afirma a executiva da Amcham. Na
opinião dela, é difícil desenhar um plano de negócios se a parte ambiental vai
ter reflexos negativos no futuro.
Pelo resultado da pesquisa, feita com 250 empresários, 42%
ainda não conseguem enxergar melhorias na coordenação dos assuntos relacionados
ao setor no novo governo do presidente Michel Temer. Além disso, 83% deles
avaliam como insatisfatória a articulação entre os poderes Executivo,
Legislativo e Judiciário em prol dos investimentos estruturadores.
Projetos. “O
governo precisa ter um planejamento de médio e longo prazos de projetos
estruturantes para os próximos anos”, diz Deborah. Só desta forma o País
conseguirá escapar da armadilha que é a péssima qualidade – ou falta – de
projetos executivos. Esse também tem sido um dos motivos para o encarecimento
dos empreendimentos do setor e de atrasos sistemáticos.
Na opinião do presidente da Abdib, Venilton Tadini, o
momento é de transição e isso deixa a percepção de um quadro não tão seguro
para investir no setor. Mas ele acredita que aos poucos esse sentimento
negativo do investidor vá desaparecer, com a aprovação de medidas importantes
para o País e da redução das taxas de juros. “Hoje, o juro real (descontada a
inflação) do País é muito elevado (4,86%). Na medida em que as taxa começarem a
cair, haverá mais segurança para investir”, diz Tadini, destacando que para 92%
dos empresários o atual patamar dos juros é um grande entrave para atração de
recursos no setor.
O vaivém do câmbio também é um ponto que atrapalha os
investimentos, diz Tadini. De acordo com a pesquisa, 82% dos empresários
consideram a adoção de medidas para conter riscos cambiais como um fator
decisivo para o sucesso do plano de concessão prometido pelo governo federal.
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