Em meio à pressão pela troca de comando na companhia e à
crise da Samarco, o presidente da Vale, Murilo Ferreira, voltou a afirmar
ontem, durante uma conferência realizada pela a agência “Bloomberg”, em
Londres, que a companhia planeja reduzir sua dívida líquida para um valor entre
US$ 15 bilhões a US$ 17 bilhões até o fim de 2017.
Para atingir o objetivo, a mineradora tenta agilizar as
negociações para a venda da sua divisão de fertilizantes, que teve o aval do
conselho de istração da companhia na semana ada, e deverá ser
formalizada dentro de um mês, segundo apurou o Broadcast, sistema de notícia em
tempo real do Grupo Estado.
Embora a mineradora não tenha anunciado formalmente que vai
se desfazer da divisão, Ferreira afirmou, na semana ada, que a companhia
não está em posição de “descartar qualquer alternativa”, tendo em vista a meta
de redução de endividamento que, no terceiro trimestre, totalizava US$ 25,9
bilhões. A estratégia da Vale é chegar à meta por meio da venda de ativos e de
fluxos de caixa sustentados pelos preços do minério de ferro e do níquel.
De acordo com fontes do setor, a companhia poderá vender sua
divisão de fertilizantes para a gigante americana Mosaic, por cerca de US$ 3
bilhões. Essa transação incluiria troca de ações e dinheiro, ainda conforme
fontes. Uma outra área do negócio, concentrada no Brasil, iria para a
norueguesa Yara, por cerca de US$ 500 milhões.
Produção menor. Assim como suas principais concorrentes, a
Vale foi duramente atingida pela forte queda dos preços das commodities no ano
ado. A crise para a mineradora ficou mais aguda com o rompimento de uma
barragem na Samarco, empresa da qual é sócia junto com a BHP Billiton. A
empresa não está operando e corre sério riscos de entrar com pedido de
recuperação judicial.
Em meio ao gerenciamento dessa crise, a Vale está focada em
gerar lucro se concentrando nas margens, em detrimento do volume de produção.
Depois de reduzir algumas metas de produção para 2017, a companhia pode cortar
entre 20 milhões de toneladas e 25 milhões de toneladas a oferta de minério de
ferro das operações brasileiras no Sudeste, se for necessário, disse ontem
Ferreira na conferência.
O executivo, que foi para Londres para um encontro com o
presidente da BHP para discutir o futuro da Samarco, afirmou também que
continua otimista com as perspectivas para os mercados do minério de ferro e do
níquel, que recuperaram parte de seus preços nos últimos meses. O otimismo é
mais comedido em relação ao cobre.
Sobre o minério de ferro, Ferreira explicou que o nível de
esgotamento de minas é extremamente alto” e que os recursos da matéria-prima
vão se esgotar em 4%, enquanto os de seus concorrentes entre 15% a 17%, nos
próximos sete anos.
Ele também afirmou que espera que a empresa gere fluxo de
caixa livre positivo em 2016 e 2017, independentemente do programa de
desinvestimento.
“Podemos até mesmo reduzir o tamanho dos desinvestimentos,
porque estamos mais otimistas quanto ao preço do minério de ferro e do níquel.
”
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