O Mercosul e a União Europeia (UE) reconheceram que precisam
fazer mais concessões para tentar chegar em dezembro com as barganhas centrais
equacionadas em vista de um anúncio político do acordo de livre comércio.
A comissária europeia de Comércio, Cecilia Malmström se
reuniu no começo desta semana separadamente com os ministros de Relações
Exteriores do Brasil, Aloysio Nunes, e da Produção da Argentina, Francisco
Cabrera, em Marrakesh (Marrocos), à margem de encontro de 40 países para
discutir negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC).
Os europeus têm sinalizado que o prazo de liberalização do
mercado do Mercosul, que seria para a maioria dos produtos industriais entre 12
a 15 anos, é muito longo, e esperam uma redução importante para algo entre 8 e
10 anos.
Por sua vez, o Mercosul tem insistindo que uma oferta com
credibilidade na área agrícola precisa aumentar significativamente o o não
só para carne bovina e etanol, mas também para outros produtos que não são
exatamente sensíveis para produtores europeus.
Considerando que as concessões agrícolas europeias foram
amplamente insatisfatórias, o Mercosul propôs três maneiras de negociar, com
metodologias que poderiam facilitar o entendimento, segundo fontes.
As reunião entre representantes do Mercosul e da União
Europeia, sob o sol do Marrocos, mostrou que os dois blocos continuam
comprometidos em avançar, apesar do reconhecimento de que o prazo de dezembro
para fechar um pré-acordo é algo bem arriscado.
A negociadora europeia para o Mercosul, Sandra Gallina, sugeriu,
na semana ada em Brasília, que seria bom o Mercosul ter mais tempo para
melhorar sua oferta de abertura do mercado. Por sua vez, um importante
negociador do Mercosul, indagado se havia chance de acordo até dezembro, nas
grandes linhas, pelo menos, respondeu: “não”.
A delegação brasileira se reuniu também com representantes
do Canadá. E a mensagem foi de que o Mercosul começa a negociar um acordo de
livre comércio a partir do momento em que os canadenses estiverem preparados.
Com relação à reunião da OMC, comandada pelo diretor-geral
Roberto Azevêdo, ficou claro que não há perspectiva real de entendimento em
nenhum tema para negociação, no momento, o que joga sombras sobre a conferência
ministerial de Buenos Aires, em dezembro.
No entanto, o mais importante foi que ministros deram o
mandato para os negociadores continuarem tentando chegar a um acordo em Genebra
pelo menos até novembro. Isso cortou o movimento dos mais relutantes, como a
África do Sul, que queriam encerrar as conversações já em Marrakesh.
Os Estados Unidos, de seu lado, contestam a noção de que a
toda reunião ministerial da OMC – realizadas de dois em dois anos – deve ter
algum resultado, como ocorreu em Bali (acordo de facilitação de comércio) e em
Nairobi (acordo para eliminação de subsídios à exportação agrícola).
Alegando que não veem convergências, os americanos deixaram
claro que não viam motivo para se engajar agora. Mas pelo menos não bloquearam
os esforços de ainda se tentar algum resultado até dezembro.
Leia também: USDA
confirma produção recorde de soja nos EUA
Seja o primeiro a comentar