Camargo Correa revelou, em acordo de leniência firmado com o Conselho istrativo de Defesa Econômica (Cade), operações em 21 licitações para obras em metrôs de diferentes estados.Veja os
principais detalhes citados no relatório:
– SÃO PAULO:
No caso do metrô de São Paulo, por exemplo, são duas obras em que o acordo foi
concluído. Elas se referem ao lote 2 e aos lotes 3 e 7 da linha 5 do metrô de
São Paulo.
No caso da
linha 2, a Camargo cita a existência de “débitos” com a Andrade
Gutierrez e com a OAS.
Isso porque
as duas empresas teriam concordado em oferecer cobertura (ou seja, fazer
ofertas mais caras para permitir a vitória da Camargo) nesta linha. Os débitos
seriam referente a isto, chegando a R$ 50 milhões no caso da Andrade.
Segundo a
empresa, chegaram a ocorrer cobranças pela Andrade Gutierrez do pagamento deste
valor.
Já em
relação a linha 5, as empresas concordaram em dividir dois lotes específicos- 3
e 7- por serem os mais caros e que apresentavam maior demanda técnica.
Sobre a
participação do governo, há a seguinte referência: “Alguns dos presentes,
como Anuar Benedito Caram (Superintendente Comercial e de Obras da Andrade
Gutierrez) mencionavam ter interlocução com a CMSP (Câmara Municipal de SP) no
sentido de tentar garantir que o Edital restringisse a participação de empresas
estrangeiras, dentre outras disposições.”
– BRASÍLIA:
No caso do metrô de Brasília, fez parte de um acordo concluído mas nunca implementados.
No caso do Distrito Federal, diz o relatório, era necessário forte alinhamento
com o governo do Distrito Federal […] para garantir que a licitação seria
feita conforme os preços unitários. […] O intuito do grupo era efetivamente
“montar a licitação” para o governo do Distrito Federal, o que
compreendia desde a elaboração dos estudos técnicos e projeto base até o
próprio edital de licitação”.
Dois
problemas ocorreram e inviabilizaram o sucesso da empreitada. O primeiro foi a
dificuldade do GDF em internalizar os documentos produzidos pelo grupo, porque
isto envolveriam o corpo técnico do Metrô. O segundo foi o fato da obra nunca
ter ido pra frente.
– CURITIBA E
PORTO ALEGRE: Os metrôs de Curitiba e Porto Alegre também fazem parte de acordos
que andaram para o grupo – mas as obras não.
No
relatório, a Camargo conta que empresas financiariam, juntas, uma estrutura
para que técnicos elaborassem estudos de viabilidade que permitissem as
empreitadas. As reuniões sobre o tema eram disfarçadas, nos temas de e-mails,
como “aulas” ou “grupos de estudo”.
Outro
destaque é para o fato de que, ao rear as planilhas com os custos dos
grupos para as empreiteiras, o responsável por isso – executivo da Odebrecht –
elaborava planilhas diferentes para cada empresa, com formatação e até cores
diferentes.
Segundo a
Camargo, o objetivo era saber o responsável por eventuais vazamentos, já que a
iniciativa era ilícita.
– FORTALEZA
(linha leste do metrô): Há uma extensa troca de e-mails entre o representante
da Queiroz Galvão e o da CCCC sobre quem deveria fazer a interlocução com o
governo – mas a informação sobre quem era o contato político não consta do
relatório (ou está restrita).
Camargo
Correa e Queiroz Galvão teriam relatado que pagavam à empresa MWH – contratada
pelo governo cearense para dar consultoria na elaboração da licitação – por
fora para tentar influenciar o edital.
Segundo a
CCCC, um contrato fictício foi elaborado neste sentido, em que a MWH atuaria
como consultora para uma licitação que a CCCC disputava em São Paulo. Mas o
objetivo era mesmo influenciar a licitação.
Há ainda uma
nota de rodapé com a informação de que o governo do Ceará estava ciente do
procedimento acima.
Entre os
documentos estão projetos de engenharia elaborados pela MWH. Segundo a CCCC,
eram parte do material produzido para o governo cearense – mas a CCCC teve
o a eles em 2010. A licitação só teria saído em 2013.
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