Pimentel reage e quer reunião com Temer por verba para metrô

O governador de Minas Gerais, Fernando
Pimentel (PT), solicitou uma reunião com o presidente Michel Temer (PMDB) para
discutir a situação do metrô de Belo Horizonte, que corre o risco de ter o
funcionamento reduzido e até de parar de circular, a partir de junho, por falta
de recursos. A iniciativa é uma reação ao problema apresentado em reportagem de
O TEMPO no último domingo, que mostrou a redução do Orçamento para o metrô da
capital. Neste ano, o valor é de R$ 56 milhões, quase a metade dos R$ 103 do
ano ado.

Em vídeo publicado em redes sociais,
Pimentel se disse estarrecido com a notícia e garantiu que não vai aceitar a
suspensão do serviço. O governador ainda reclamou da ausência de ministros
mineiros na gestão de Temer e de “descaso” da União com o Estado.

“Se não bastasse tudo isso, agora
querem parar o metrô de Belo Horizonte. É impossível, Minas vai reagir. Já pedi
audiência com o presidente Temer, vou falar com o prefeito (Alexandre) Kalil
(de BH), nós vamos juntos lá. É impraticável esse tipo de atitude com Minas.
Não vamos aceitar”, disse.

A Companhia Brasileira de Trens
Urbanos (CBTU), responsável pela gestão do metrô, reconheceu nesta
segunda-feira (5) a necessidade de recomposição do Orçamento, que sofreu
redução de cerca de 40% em relação ao ano ado, para que o sistema não seja
afetado.

A CBTU confirmou, em nota, que
“necessita de uma recomposição na Lei Orçamentária Anual”. A companhia informou
que busca, com o Ministério das Cidades, a recuperação do Orçamento para manter
“níveis adequados de operação” e que tem “confiança e determinação” para
superar as adversidades e garantir os investimentos necessários.

Entenda. Em ofício assinado em 31 de
janeiro, o diretor-presidente da CBTU, José Marques de Lima, afirmou que,
devido aos cortes orçamentários feitos pela União, estão sendo adotadas
medidas, como a suspensão de contratos de serviços e a restrição do
funcionamento apenas aos horários de pico – de segunda a sexta-feira, das 5h30
às 8h30 e das 17h30 às 19h30, a partir de 5 de março.

O Ministério das Cidades declarou que
tem buscado, junto com as pastas de Fazenda e Planejamento, ampliar o Orçamento
destinado à operação do sistema em cinco capitais – além de BH, Recife, Natal,
João Pessoa e Maceió –, dos R$ 139,7 milhões aprovados para cerca de R$ 200
milhões, com o intuito de “assegurar a prestação do serviço com segurança e
confiabilidade ao usuário”.

A reportagem tentou nesta
segunda-feira contato com o prefeito Alexandre Kalil (PHS), mas ele estaria em
reuniões. A assessoria de imprensa da prefeitura afirmou que, até o fechamento
desta edição, Kalil não havia sido ado por Pimentel, mas ressaltou que o
prefeito tem boas relações com Temer e com o ministro das Cidades, Alexandre
Baldy, e que está se informando sobre o assunto para intervir e garantir o
serviço.

 

Mobilidade vai ficar comprometida

 

A possibilidade de redução do
funcionamento e de suspensão da circulação do metrô preocupa usuários e
especialistas, que preveem prejuízos à mobilidade na região metropolitana. O
ourives Adão Antônio dos Santos, 52, usa o metrô todos os dias para ir
trabalhar. “Vou ter que pegar mais dois ônibus, e meu trajeto vai demorar ao
menos mais uma hora”, disse.

Vai haver queda no conforto e aumento
no tempo de viagem dos usuários, que devem recorrer a ônibus no período sem
metrô, prevê o coordenador do departamento de transportes e trânsito da Fumec,
Márcio Aguiar. “Da estação Central até a Eldorado, são 17 minutos de metrô. De
ônibus ou carro, demora mais de uma hora. Em vez de haver ampliação no
transporte, que é tão limitado, ele está sendo restringido”, completou.

“Sem mobilidade, não há escola,
trabalho, lazer e saúde”, pontuou o engenheiro especialista em transportes
Francisco Magalhães da Rocha. (Pedro Ferreira/RM)

 

Falta de recurso é problema que se
repete

 

Não é a primeira vez que o
funcionamento do metrô de Belo Horizonte é ameaçado por falta de recursos. Em
junho de 2016, devido à redução de R$ 39 milhões no Orçamento do custeio do
sistema, a CBTU não renovou os contratos de manutenção dos equipamentos e trens
e de limpeza dos pátios e da sede.

Em 2017, houve necessidade de
recomposição do Orçamento e ampliação do limite disponível para custeio da
companhia, o que permitiu à CBTU empenhar R$ 233 milhões no funcionamento dos
sistemas, segundo o Ministério das Cidades.

Conforme a pasta, o Orçamento da CBTU
é proposto pelo Executivo e aprovado pelo Congresso, e a limitação ocorre pela
necessidade de adequação das despesas à meta de resultado primário e ao limite
de gasto do Novo Regime Fiscal.

 

Saiba mais:


Contagem. A prefeitura, que, em 2017,
anunciou a construção da estação Novo Eldorado, informou que aguarda o
comunicado da CBTU sobre mudanças no funcionamento do serviço. O município
disse que mantém tratativas com o Ministério das Cidades para executar projeto
de ampliação do metrô.


Sindicato. O Sindimetro vai enviar
nesta terça-feira (6) carta para a CBTU solicitando reunião.


Garantia. O deputado Fábio Ramalho
(PMDB-MG) disse que vai buscar soluções em Brasília.



Leia Mais: Valor da venda de agens
do metrô de BH é maior que ree da União

Fonte:

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