A CCR, que
tem entre seus controladores a Camargo Corrêa e a Andrade Gutierrez, prepara
nova proposta para comprar parte da Invepar, holding de infraestrutura dona da
concessão do aeroporto de Guarulhos e do metrô do Rio. Segundo pessoas próximas
à empresa, a oferta está pronta para ser apresentada. O período de
exclusividade de três meses de negociação entre a Invepar, o Mubadala, fundo
soberano de Abu Dhabi, e a operadora sa Vinci, que foi firmado em
dezembro, acabou de vencer, abrindo nova chance para a concessionária.
Conforme a
proposta, apurou o Estado, o primeiro o seria a compra da participação de
24% da empreiteira OAS, citada na Operação Lava Jato e hoje em recuperação
judicial. O objetivo seria fazer uma operação envolvendo troca de ações – por
meio da qual a CCR pretende incorporar a Invepar.
Uma fonte
próxima ao acordo explicou que, caso a troca de ações seja concretizada, os
fundos de pensão Previ (do BB), Petros (Petrobrás) e Funcef (Caixa), que hoje
detêm 75,6% da Invepar, ariam a ser sócios da CCR. Posteriormente, caberia
aos fundos a decisão de vender ou não suas participações à concessionária. Os
bancos BTG Pactual e Itaú BBA estão entre os envolvidos na venda da Invepar.
Embora a
entrada da CCR na Invepar seja, em princípio, vista com bons olhos pelos
fundos, pois representa uma “porta de saída” do negócio, uma fonte ponderou que
a recente citação da própria CCR em investigações relacionadas à Lava Jato pode
atrapalhar o acordo (leia acima). Isso porque, nos últimos tempos, os fundos
estão tentando “limpar” o portfólio e reduzir associações com grupos com
potencial risco jurídico.
Do lado dos
vendedores, também existem obstáculos. A transferência da participação da OAS
aos credores, que faz parte do plano de recuperação judicial da construtora,
ainda precisa de autorização do governo do Estado do Rio. Somente após a
transferência essa fatia poderá ser vendida. Negociações com dois grupos – o
canadense Brookfield e o Mubadala – já fracassaram.
Há também
desafios operacionais. Enquanto negocia sua nova estrutura societária, a
Invepar tenta reorganizar a istração. Uma consultoria de reestruturação de
empresas trabalha para diagnosticar oportunidades de negócios e necessidades de
capital da empresa.
Estratégia.
Para a CCR, a compra da Invepar seria um o importante dentro da estratégia
de diversificação de negócios da concessionária. Criada em 1999, a empresa
cresceu com as concessões rodoviárias, como o sistema Anhanguera/Bandeirantes
(SP) e a Nova Dutra (SP/RJ). Hoje a companhia istra 3.265 km de estradas
no Brasil.
Nos últimos
tempos, a CCR decidiu ampliar a atuação para os setores de mobilidade urbana e
aeroportos. Em 2013, ganhou a concessão do aeroporto de Confins (MG); em 2017,
comprou a Linha 4 do metrô de São Paulo da Odebrecht; e, no início deste ano,
venceu a licitação das linhas 5-Lilás e 17-Ouro, também na capital paulista.
A estratégia
do grupo é se preparar para o fim das concessões rodoviárias. O contrato da
Nova Dutra, que representa cerca de 15% das receitas da empresa, vai vencer em
2021, e o sistema Anhanguera/Bandeirantes, que responde por quase um quarto,
expira em 2026.
Fontes do
setor dizem que a empresa está capitalizada para disputar novas licitações. No
início de 2017, a empresa captou R$ 4 bilhões ao emitir novas ações no mercado.
Na época, a concessionária tinha esperança de conseguir prorrogar a concessão
da Nova Dutra em troca de obras de expansão da rodovia. Mas o governo já
decidiu que fará um novo leilão.
Procurados,
CCR, Invepar, OAS, Previ, Funcef, Petros, Mubadala, BTG Pactual e Itaú BBA não
quiseram comentar o assunto.
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