O Plano
Estadual de Logística e Transportes do Rio Grande do Sul (Pelt-RS), divulgado
nesta quinta-feira no Palácio Piratini, indicou a necessidade de um polpudo
investimento nesse setor até 2039 para que o desenvolvimento econômico do
Estado não seja travado. Conforme o estudo, será necessário aportar R$ 25,8
bilhões em rodovias, R$ 8,2 bilhões em ferrovias, R$ 2,4 bilhões em complexos
aeroportuários e R$ 400 milhões em hidrovias, totalizando um montante de R$
36,8 bilhões.
Segundo o
levantamento, 3.309 quilômetros de rodovias precisam aumentar a capacidade,
seja por duplicação ou por incremento de uma terceira faixa. Nas ferrovias, é
necessária a construção de 929 quilômetros de linhas e a restauração de 1.950
quilômetros, e, nas hidrovias, teria que ser feita a manutenção nos atuais 776
quilômetros de malha e implantar mais 380 quilômetros navegáveis. Os recursos
para tudo isso seriam oriundos dos governos federal e estadual, e da iniciativa
privada.
O governador
José Ivo Sartori diz que o Pelt-RS é um desafio para quem deseja planejar a
infraestrutura e se preparar para o futuro. Contudo, o governador ite a
dificuldade de obter o dinheiro para essas obras. “O Pelt-RS vai orientar
o trabalho que pode ser feito”, adianta. Como prioridade, Sartori aponta a
duplicação da ERS-118. A iniciativa é considerada como fundamental para
melhorar o trânsito de veículos no entorno da Região Metropolitana de Porto
Alegre, refletindo na mobilidade de municípios como Gravataí, Cachoeirinha,
Sapucaia do Sul e Esteio. No total, serão 21,4 quilômetros a serem duplicados
na ERS-118, no trecho entre a BR-116 e a BR-290. O secretário dos Transportes,
Pedro Westphalen, prefere não fixar data para a conclusão do empreendimento,
mas comenta que cerca de 70% da obra já está concluída.
Westphalen
explica que o Pelt-RS identifica os gargalos logísticos no Estado e indica as
possíveis soluções a serem tomadas para evitar a perda de eficiência no setor
dos transportes. O dirigente revela que um diagnóstico feito pelo estudo e que
precisa ser mudado é a matriz de transporte gaúcha estar concentrada nas
rodovias, com 88% das cargas ando por esse modal. O restante das
mercadorias é movimentado por ferrovias (6%), hidrovias (3%) e aerovias e
dutovias (3%). Levando em conta o Brasil como um todo, o segmento rodoviário
absorve cerca de 65% do volume de cargas, ou seja, o Rio Grande do Sul está
acima da média nacional.
O projeto do
Pelt-RS foi contratado no final de 2013 e contou com recursos provenientes do
Bird na ordem de R$ 8,1 milhões. Inicialmente, a previsão era de que o trabalho
fosse concluído ainda em 2015, mas o coordenador da equipe responsável pelo
estudo, engenheiro Luiz Afonso Senna, explica que problemas de financiamento
dilataram o prazo. O consórcio formado pelas empresas STE, SD e Dynatest foi o
encarregado do projeto. O secretário dos Transportes considera o Pelt-RS como
uma ferramenta de planejamento para o Estado. Sobre a busca dos recursos para
realizar as obras necessárias, o secretário sugere a formação de parcerias
público-privadas, financiamentos internacionais e auxílio do governo federal.
Na segunda-feira, Westphalen deixa a pasta dos Transportes em decorrência da
saída do PP (partido ao qual é filiado) da base do governo Sartori. Ainda não
há uma definição sobre o seu substituto.
Coordenador
da equipe responsável pela pesquisa aponta redução e abandono da malha
ferroviária
O Pelt-RS,
de acordo com o coordenador da equipe responsável pelo estudo, engenheiro Luiz
Afonso Senna, constatou um abandono da malha ferroviária do Rio Grande do Sul
pela empresa que atualmente detém a concessão: a Rumo. O engenheiro lembra que,
quando a malha foi concedida, na década de 1990, o seu tamanho era de cerca de
3,2 mil quilômetros, e, hoje, diminuiu para 2,1 mil quilômetros.
“O
Estado precisa de ferrovias, se esse concessionário não quer (investir), e é
obrigação do seu contrato, então entrega para outro”, defende Senna. O
sistema ferroviário gaúcho, para o engenheiro, deixa muito a desejar, sendo
que, na opinião dele, merece uma nota de 4,5.
Através de
nota, a Rumo contesta as declarações de que está havendo um abandono da malha
férrea gaúcha. “Pelo contrário, a concessionária vem se empenhado para
fortalecer a logística do Rio Grande Sul”, diz o comunicado. A empresa
cita como exemplo os novos contratos comerciais que a empresa vem firmando no
Estado. Em 2017, o volume formalizado em contrato com clientes é 40% superior
ao ano anterior. Isso representa uma projeção de mais de 2,7 milhões de
toneladas de produtos. Somente no primeiro semestre deste ano, o volume
transportado já é quase 30% maior, comparado ao mesmo período de 2016, informa
a companhia.
Senna
detalha que o Pelt-RS leva em conta a oferta de transporte e a configuração da
rede logística do Rio Grande do Sul. Uma fonte importante de dados para a
concretização do plano foi a Secretaria da Fazenda, que forneceu informações
sobre origem, destino e quantidade de mercadorias movimentadas no Estado. O
estudo destaca que, em 2016, a participação do PIB gaúcho na economia nacional
era da ordem de 6,5%, e entre as principais cargas movimentadas estavam soja,
arroz, calcário etc.
Na área
rodoviária, Senna cita a BR-386 como uma das estradas que precisam receber
investimento para ampliar sua capacidade de tráfego. Além dela, o engenheiro
lista as BRs 290, 101, 116, 472, 285, 158, 392 e 293 como fundamentais para a
logística no Rio Grande do Sul.
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