Andrade Gutierrez fará ajustes em oferta de troca de bônus por CCR

SÃO
PAULO   
A Andrade Gutierrez prepara mudanças nos termos da oferta que lançou há
uma semana para trocar US$ 345 milhões em bônus vencidos em abril por papéis
novos, apurou o Valor. Taxa e prazo serão mantidos, mas a expectativa é que a
companhia esclareça de que forma os detentores dos títulos terão o às
ações da CCR que garantem a operação.

Após
conversas com os investidores dos bônus nos últimos dias, a Andrade Gutierrez
deve publicar um novo documento entre hoje e amanhã, segundo fonte que
acompanha o processo.

A principal
questão é que os papéis da concessionária de rodovias já são usados como lastro
em empréstimos concedidos por Bradesco e Banco do Brasil (BB). Por isso, quando
a Andrade Gutierrez propôs a troca dos bônus, surgiram dúvidas entre os
bondholders sobre a força efetiva desses papéis como garantia para eles. “Não
ficou claro como as ações serão usadas”, afirma esse interlocutor.

De acordo
com ele, a tendência é que haja adesão dos principais bondholders à oferta de
troca se ficar resolvido esse ponto.

O maior
detentor dos títulos hoje é a gestora de recursos Ashmore. Também consta da
lista a Pimco, que alguns meses atrás chegou a negociar um financiamento de US$
540 milhões, com o qual a companhia quitaria os bônus e dívidas bancárias. Com
a troca, não sobrará dinheiro novo para a empresa pagar os bancos.

No dia 19, a
Andrade Gutierrez anunciou uma oferta privada para substituir os bônus que
venceram em abril, que pagavam cupom de 4% ao ano e não tinham garantia, por
papéis com vencimento em 2021.

A proposta é
que os novos títulos tenham taxa de 11% ao ano e uma série de garantias da
Andrade Gutierrez Engenharia, Andrade Gutierrez Investimentos em Engenharia, e
Zagope SGPS (empresa do grupo baseada em Portugal). Também está prevista uma
alienação fiduciária condicional, a ser concedida por Andrade Gutierrez
Concessões e AGC Participações, de ações ordinárias da CCR.

Segundo o
comunicado da oferta, todas as ações da CCR estão sujeitas a restrições
atualmente, e por isso a efetividade dessa garantia dependeria de certas
condições.

Não está
claro por enquanto se os bancos cederam o a parte das ações da CCR aos
bondholders ou se eles estarão abaixo na fila de senioridade no uso desses
papéis como lastro.

A Andrade
Participações tem R$ 1,6 bilhão em empréstimos bancários realizados por meio de
uma emissão de debêntures que vencem em 2023. Segundo o analista da Fitch
Ratings Alexandre Garcia, a Andrade deu parte das ações referente à sua
participação de 14,86% na CCR como garantia do empréstimo. Essa cobertura é de
duas vezes o valor da dívida. No entanto, o problema é que as ações da CCR
caíram neste ano, acumulando perda de 32,47%, e os bancos poderiam exigir que a
empresa desse mais ações como lastro. Por esse motivo, eles teriam que dar o
aval à liberação do restante das ações a serem dadas como garantia dos novos
papéis.

O analista
da Fitch lembra que a empresa tem caixa suficiente para pagar os US$ 37 milhões
em amortização dos papéis antigos que estão em default. Considerando o prêmio
de 1,5% a ser pago, o valor da dívida cairá para US$ 320 milhões.

Segundo o
analista, a solução de rolagem da dívida com os bondholders não deve,
necessariamente, ter impacto na dívida bruta da empresa. Mas a capacidade de
alavancagem da companhia está mais limitada.

Procurada
pelo Valor, a Andrade Gutierrez informou que não comentaria o assunto.

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Fonte: https://www.valor.com.br/financas/5692959/andrade-gutierrez-fara-ajustes-em-oferta-de-troca-de-bonus-por-ccr


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