O roubo do futuro

Foi
noticiado no começo deste mês de julho que a União ará para a Vale do Rio
Doce a construção de 383 quilômetros da Ferrovia de Integração Centro Oeste
(Fico), ligando Água Boa (MT) a Campinorte (GO), onde se unirá a Ferrovia
Norte-Sul, que nem funciona ainda. A notícia em si não surpreende pois tenho
certeza que essa saída ferroviária vem sendo trabalhada por Goiás intensa e
continuamente em Brasília.

O que me
impressionou foi a ividade com que foi acolhida por nossas autoridades e
lideranças como se a logística de transportes não fosse uma questão vital e até
mesmo dramática para o estado.

Antes que
alguns desvirtuem a conversa, adianto que não sou contra a Fico; sou contra
terem amputado a Ferronorte em Rondonópolis para fazê-la. Não sou contra a
ferrovia chegar à Água Boa, muito pelo contrário, entendo que a redenção de
Mato Grosso é abrir caminhos com rodovias, aerovias, hidrovias, ferrovias,
dutovias, infovias, servindo todas suas regiões.

Como
mato-grossense, desejo que isso aconteça o mais rápido possível para levar
nossa produção aos mercados do mundo de forma sustentável e competitiva, trazer
o desenvolvimento com mercadorias, insumos, máquinas, etc. a menores custos em
favor da qualidade de vida em Mato Grosso, bem como proporcionar a circulação
interna da produção local, irrigando a economia, gerando empregos e renda aqui
e não fora.

Aliás, por
isso mesmo protesto desde 2009 contra a paralisação do traçado da Ferronorte em
Rondonópolis, o maior terminal ferroviário da América Latina operante a apenas
460 Km de Nova Mutum, polo de uma das áreas mais produtivas do agronegócio
nacional, ando pela Região Metropolitana de Cuiabá, o maior centro
consumidor e distribuidor de mercadorias e de bens e serviços diversos do
estado, e seu maior contingente de mão-de-obra.

Será que
ninguém está vendo que fazer primeiro essa saída para Goiás é desviar nossa
principal riqueza para o estado vizinho, para “abastecer com carga a Ferrovia
Norte-Sul no trecho entre Porto Nacional e Estrêla d’Oeste em São Paulo”, como
diz a notícia?

iro Goiás
e Mato Grosso do Sul, planejando o futuro buscando a verticalização de suas
economias em seus territórios gerando emprego e renda para seus cidadãos. E
repara bem, do jeito que vai, a produção de Mato Grosso logo será beneficiada
por seus vizinhos.

O gasoduto
abandonado, a Termelétrica parada, a internacionalização do aeroporto, a
hidrovia do Paraguai e a ZPE de Cáceres enroladas, o trem parado em
Rondonópolis desde 2013, tudo isso forma um emaranhado que condena o futuro de
Mato Grosso e das gerações vindouras a papeis de produtores de matéria-prima e
exportadores de empregos de qualidade.

A propósito,
no final do ano ado aconteceu em Nova Mutum, por iniciativa de seu
prefeito, um fórum sobre a ligação ferroviária daquela cidade a Rondonópolis ando
por Cuiabá, com a presença do governador de Mato Grosso, do presidente do BNDES
e do presidente da Rumo, empresa que detém a concessão do trecho, e todos foram
enfáticos em defender a obra como a melhor das alternativas para Mato Grosso, e
prometendo inclusive providências.

Mas pelo que
foi noticiado este mês parece que o pessoal responsável pela logística
ferroviária em Brasília tem outros planos para Mato Grosso. Ou para Goiás?
Depois do grande esforço que vem dos anos 70 em planejar e implantar a ocupação
produtiva do território mato-grossense, veio a vez de colher as safras com
fartura e qualidade crescentes.

Mas esse
tempo ou e agora é a vez não só de colher, mas também de transformar a rica
matéria prima gerada com tanto sacrifício e sucesso pelo produtor de Mato
Grosso em renda e empregos de qualidade. Aqui!


Leia mais: Secretário
quer sanar pendências da infraestrutura este ano

– Fonte: http://mirevistaferroviaria-br.informativomineiro.com/opiniao/o-roubo-do-futuro/329698


Fonte: MidiaNews, por José Antônio Lemos

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