Responsável por ligar municípios do Grande ABC à Capital, a
Linha 10-Turquesa da TM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) está há
mais de um ano sem serviços de reparo e manutenção preventiva. O problema,
segundo funcionários, se arrasta desde agosto de 2017 quando o contrato com
empresa terceirizada até então responsável pelas atividades se encerrou.
Embora a TM afirme que tem realizado os serviços com equipe
própria, até a contratação de nova empresa, funcionários da companhia afirmam
que a situação tem exposto cerca de 181,4 mil ageiros da região que
circulam pelo ramal ferroviário diariamente a riscos de acidentes.
“O que temos feito é apenas remendo e reparos emergenciais,
a manutenção era realizada por uma empresa especializada”, disse um funcionário
em condição de anonimato.
A possível relação entre falta de conservação com
ocorrências no ramal ferroviário, inclusive, é alvo de inquérito civil aberto
pelo Ministério Público de São Paulo, que apura se a companhia tem tomado
providência para resolver os seus diversos problemas nas linhas de trem, o que
provoca desconforto aos usuários.
Uma das irregularidades apontadas pelo órgão é a diminuição
da velocidade dos trens entre as estações Capuava e Mauá. Neste trecho, as
composições reduzem de 90 km/h para 20 km/h, “pois o trilho é antigo e deve ser
substituído”, conta o funcionário.
Revoltados com a situação, usuários do sistema reclamam de
problemas diários no ramal ferroviário. Ontem, trens da Linha 10-Turquesa
chegaram a circular com velocidade reduzida por 11 horas entre as estações Mauá
e Rio Grande da Serra devido a furto de cabos do sistema.“Praticamente todo dia
tem alguma falha”, desabafa a vendedora Juliana de Alencar, 28 anos.
De janeiro a abril deste ano, segundo a TM, já foram seis
ocorrências de interrupção total na circulação de trens na Linha 10-Turquesa. O
levantamento, no entanto, não contabiliza falhas que provocam redução de
velocidade no sistema.
Na tentativa de amenizar os problemas, a TM afirma ter
aberto no ano ado licitação para contratação de empresa para prestação de
serviços de manutenção na Linha 10-Turquesa. O processo que já está sua quarta
republicação, no entanto, foi suspenso nesta semana para o julgamento dos
recursos istrativos de participantes. O certame deverá ser retomado neste
ano. Até lá, a companhia diz contar com equipe própria para realizar “os
serviços que garantem a total segurança operacional”.
A TM ressalta ainda que está colaborando com as
investigações do Ministério Público, “inclusive já respondeu ao órgão sobre
esse inquérito, e está fornecendo todas as informações que comprovam que a
ferrovia é altamente segura”.
TM reduz a zero receita para modernizar ramal ferroviário
da região
A falta de investimentos no ramal ferroviário da região não
se limita apenas a serviços de manutenção. Dados obtidos pelo Diário, via Lei
de o à Informação, mostram que a TM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos)
reduziu a zero, neste ano, os rees reservados em seu orçamento para
modernização de trens que circulam no Grande ABC pela Linha 10-Turquesa, que
liga Rio Grande da Serra ao Brás, na Capital.
O caso denunciado pelo Diário em junho, mostra que a
diminuição do montante quebra sequência de três anos consecutivos em que o
ramal recebeu investimentos do Estado. No período, a TM reou cerca de R$
25,2 milhões para a manutenção de composições que atendem nove estações no
Grande ABC.
Com média diária de 370 mil ageiros, sendo 181,4 mil
usuários somente na região, a Linha 10-Turquesa tem uma das frotas mais antigas
do Estado. São ao menos 25 trens com ano de fabricação entre 1974 e 1977.
Leia também: Qual a estação mais movimentada da TM?
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