Uma dívida de 110 milhões de reais da prefeitura do Rio de Janeiro pode colocar um negócio de 80 milhões de reais que envolve o governo do estado em risco. Em reportagem publicada nesta quinta-feira, 21, pelo jornal O Globo, Márcio Hannas, presidente do consórcio que istra o VLT do Rio, afirmou que por falta de pagamentos o moderno sistema de bondes que há três anos atende a região central da cidade pode deixar de circular. Segundo Hannas, as dívidas com a prefeitura acumulam 110 milhões de reais.
Em nota, a prefeitura do Rio informou que, “diante de graves problemas encontrados no contrato de concessão do VLT, assinado pela gestão anterior, a prefeitura do Rio decidiu rever os termos dessa Parceria Público-Privada (PPP)”. O VLT custou 1,2 bilhão de reais, bancado pelo Ministério das Cidades (46%) e pelas empresas (54%). Pelo contrato assinado, caberia ao município pagar 270 parcelas pela operação do serviço e, ao final de 25 anos, ar a proprietário dos trens. Segundo o consórcio, as parcelas pararam de ser pagas em maio do ano ado.
O consórcio é formado pelo grupo CCR, pela Odebrecht Mobilidade, pela Invepar e pela Riopar Participações. O grupo japonês Mitsui, por sua vez, tem 40% de participação na Odebrecht Mobilidade, fatia que cria uma nova frente de negociações. No dia 8 de março a Mitsui anunciou um acordo com a Odebrecht para pagar 800 milhões de reais e ar de sócio minoritário a controlador da SuperVia, empresa que opera o serviço de trens metropolitanos do Rio de Janeiro.
Segundo EXAME apurou, a Mitsui vê o calote da prefeitura no VLT como um ponto de atenção para futuros investimentos no Brasil, o que no momento pode interferir diretamente na compra da SuperVia. Apesar de um serviço ser responsabilidade e do município e outro, do governo do estado, para os japoneses os dois negócios representam um velho conhecido de estrangeiros que decidem investir por aqui: o “risco Brasil”. Nos bastidores, o consórcio que opera o VLT e a prefeitura chegaram a um acordo para o pagamento de 40 milhões de reais em fevereiro. Mas o prefeito Marcelo Crivella desistiu do acordo logo após as tempestades que mataram seis pessoas na cidade, no início de fevereiro.
Procurada a prefeitura do Rio não comentou. A Mitsui afirma que “o processo de troca do controle acionário da concessionária está em curso”.
O prefeito tem sentimentos dúbios em relação ao VLT, um serviço segundo o consórcio aprovado por 92% dos ageiros. Nesta quarta-feira Crivella afirmou que o VLT é “uma porcaria”. Em fevereiro, porém, a prefeitura anunciou plano de retirar ônibus municipais da região central do Rio para privilegiar o VLT, que hoje atende 60.000 pessoas por dia. A SuperVia, por sua vez, atende 600.000 pessoas por dia e é um dos serviços mais mal avaliados do país – ficou em último lugar em qualidade de atendimento segundo o último ranking EXAME/IBRC.
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