O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB), inaugurou neste sábado (26) a terceira e última linha do VLT, espécie de bonde que circula pelo centro e pela região portuária desde a Olimpíada, em 2016. O trecho estava pronto há dez meses, mas ficou travado por um desacordo entre o município e o consórcio.
A linha liga o aeroporto Santos Dumont à estação de metrô e trem Central do Brasil em 18 minutos. Tem dez estações, mas apenas três novas, porque o resto do trajeto já era feito pelas outras linhas. O aeroporto, por exemplo, já tinha uma conexão com o metrô pela linha 1.
Os nomes das novas paradas homenageiam ícones da cultura africana, batizados em conjunto com representantes do movimento negro e com o Iphan (instituto do patrimônio nacional).
São elas: Cristiano Ottoni-Pequena África, Camerino-Rosas Negras e Santa Rita-Pretos Novos.
Com esse trecho, o VLT (sigla para veículo leve sobre trilhos) carioca fica finalmente completo e a a ter 28 quilômetros, 29 estações e 32 trens que funcionam das 6h à 0h normalmente.
A agem, que é validada dentro do veículo sem cobrador, custa R$ 3,80 e permite transferências gratuitas por uma hora.
“Este é um investimento de mais de R$ 1 bilhão para que a gente tenha, no centro da cidade, um transporte que não emita dióxido de carbono e não faça aquecimento global”, defendeu Crivella após andar no bondinho. “A gente espera que o centro se revitalize com o Porto Maravilha e os investimentos que estão sendo feitos.”
BAIXA DEMANDA E POLÊMICAS
A baixa demanda da população pelo VLT está no centro do ime que fez com que a linha 3 ficasse desativada por tanto tempo, mesmo após o fim das obras.
No início eram esperados 260 mil ageiros por dia útil no sistema, mas hoje ele recebe apenas 80 mil. A expectativa é que, com a nova inauguração, esse número suba para 100 mil, ainda assim abaixo do previsto.
Pelo contrato, quem tem que arcar com esse déficit nas agens é a prefeitura, responsável por garantir 85% da demanda total. O município, porém, argumenta que essa quantidade “se mostrou irreal na prática e geraria prejuízo aos cofres públicos municipais”.
Em março, no meio do imbróglio, Crivella causou polêmica ao chamar o VLT de “aquela porcaria” em um evento fechado com servidores.
“Eu tenho 1.500 escolas precisando de reforma. Eu tenho hospitais precisando de… Como é que eu vou fazer isso? Isso é maluquice. Isso é doideira. Como é que eu vou garantir que tem que ter ageiro no […] VLT? Quanto custou aquela porcaria? R$ 1 bilhão”, disse na ocasião.
A prefeitura não queria permitir a circulação da linha 3 antes que esse ponto do contrato fosse ajustado. Outra questão pendente é uma dívida que o consórcio está cobrando na Justiça, alegando atrasos em rees municipais e quebra de contrato, acumulada em mais de R$ 140 milhões até junho.
As partes ainda não chegaram a um acordo, mas a solução que se encontrou momentaneamente para a inauguração da linha foi a criação de um grupo de trabalho com técnicos dos dois lados para ajustar as divergências no contrato -firmado antes da Olimpíada, na gestão de Eduardo Paes (DEM).
Por dez meses, eles terão que discutir, além da questão da demanda, um possível ajuste na tarifa do VLT, o seu funcionamento 24 horas por dia e a possibilidade de tirar de circulação algumas linhas de ônibus do centro do Rio, medida que também vem gerando discussão.
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