Minério tem maior preço em seis anos e petróleo sobe forte

Ao mesmo tempo em que o minério de ferro se manteve em alta firme e atingiu ontem a maior cotação desde janeiro de 2014, os preços do petróleo recuaram diante do aumento dos casos de covid-19 nos Estados Unidos e na Europa, porém sem tirar o brilho do desempenho da commodity em novembro. Enquanto o minério acumulou alta de 12% no mês, o petróleo teve valorização de 27% e retomou os níveis vistos em março.

A recuperação das cotações do óleo ao longo do mês ado foi impulsionada pela expectativa de que a oferta global permaneça reduzida nos próximos meses e pelas notícias de avanço no desenvolvimento de vacinas contra a covid-19, que derrubou a demanda em 2020. Ontem, o barril do WTI estava em US$ 45,43, com ligeira queda de 0,4%, enquanto o Brent perdeu 0,8%, a US$ 47,88 o barril. As atenções estão voltadas para a decisão que será anunciada hoje pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (Opep+), sobre os planos de adiar o aumento da produção.

Segundo informação de agências internacionais, os membros da Opep já chegaram a um acordo pela manutenção das restrições. Para os analistas do Goldman Sachs, o barril do Brent pode voltar a US$ 65 no próximo ano se essa for a decisão dos aliados e se houver êxito no desenvolvimento de uma vacina contra a covid-19. Sem acordo, os preços podem recuar US$ 5 por barril, conforme o banco.

Os preços do minério de ferro no mercado transoceânico, por sua vez, encerraram o mês em trajetória firme de alta, para o maior nível desde janeiro de 2014. Segundo a publicação especializada Fastmarkets MB , o minério com teor de 62% de ferro avançou 1,6% no porto de Qingdao, para US$ 131,63 por tonelada. Com isso, em novembro, a alta acumulada é superior a 12%. No ano, o ganho é de quase 43%.

Para o analista Daniel Sasson, do Itaú BBA, a expectativa é a de que os preços continuem saudáveis pelo menos até o primeiro trimestre, diante da forte produção chinesa de aço, que vem sendo acompanhada por um sólido aumento da demanda interna. Ou seja, diferentemente do ado, a China hoje não está dependendo da demanda de outros mercados para conseguir manter seu nível de produção de aço em patamares elevados, diz o especialista.

Na avaliação do chefe de pesquisas do banco Julius Baer, Carsten Menke, a pandemia apenas fortaleceu o domínio da China nos mercados de metais industriais. Como consequência do estímulo e da emergência precoce da crise, a demanda por metais pela chamada ‘velha’ economia atingiu novos níveis recordes, escreveu a clientes, referindo-se aos investimentos chineses em infraestrutura, indústria e construção imobiliária. Ainda assim, em sua avaliação, os preços atuais do minério não se sustentam, sobretudo se considerado o cenário de retomada dos embarques a partir de Brasil e Austrália, os dois maiores produtores mundiais.

Para os analistas Leonardo Correa e Caio Greiner, do BTG Pactual, o preço do minério não deve persistir no nível de US$ 130 por tonelada, tampouco recuar a US$ 60 ou US$ 70 por tonelada. Ainda vemos alguma escassez de minério no mercado transoceânico em 2021 e, finalmente, um mercado equilibrado em 2022, o que indica que os preços devem permanecer ao redor de US$ 100 por tonelada por mais tempo, escreveram, em relatório de 23 de novembro.

Em reportagem recente, o jornal Financial Times apontou que a commodity caminha para fechar 2020 com preço médio anual superior a US$ 100 por tonelada pela primeira vez desde 2013. Esse movimento tem permitido às mineradoras mitigar boa parte do efeito negativo que a pandemia teve na economia global e em outras commodities, em especial no petróleo. A ascensão espetacular e incansável do preço do minério de ferro neste ano, quase totalmente puxada pelo apetite aparentemente insaciável da China por commodities, tem sido uma benção para os grandes produtores, que viram a demanda no resto do mundo despencar por um desfiladeiro, disse Andrew Glass, executivo-chefe da Avatar Commodities e ex-chefe de comercialização de metais ferrosos na Anglo American, ao jornal.

Na mesma reportagem, Erik Hedborg, analista-chefe de minério de ferro na consultoria CRU, diz que o minério vem se beneficiando dos avanços nas pesquisas de uma vacina contra covid-19, mas também da valorização do yuan e de dados recentes que mostram o vigor da atividade industrial na China. A produção excedeu a demanda no início do ano, quando a China teve seu ‘lockdown’ contra a covid-19, e os estoques foram crescendo. Mas agora estamos vendo o inverso e o nível dos estoques está caindo, disse Hedborg.

Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2020/12/01/minerio-tem-maior-preco-em-seis-anos-e-petroleo-sobe-forte.ghtml

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