Pandemia reforça aproximação comercial entre Brasil e Ásia

Terminal de carga do Porto de Santos - Bruno Santos - 3.abr.2020/Folhapress

Folha de S. Paulo – A pandemia do novo coronavírus fortaleceu o movimento dos últimos 20 anos de aproximação comercial entre Brasil e Ásia (sem considerar os países do Oriente Médio), segundo dados do Ministério da Economia compilados pela Folha.

Desde 2001, a participação da Ásia nas transações comerciais (soma da importação e exportação) do Brasil com o mundo vem crescendo. Naquele ano, do montante total, em dólares, do comércio exterior brasileiro, 14% eram relativos ao continente asiático. Essa presença aumentou gradativamente até chegar em 38% em 2019. Com a pandemia, esse percentual pulou para 42% no ano ado.

Para especialistas ouvidos pela reportagem, essa dinâmica ocorreu principalmente pelo rápido desenvolvimento econômico da China nas últimas décadas. Mas não apenas por isso. O crescimento de países como Coreia do Sul, Índia e os integrantes da Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático) também reforçou o movimento.

Se analisados os números de 2020 pelos fluxos, enquanto 35% do importado pelo Brasil veio da Ásia, 47% dos nossos produtos vendidos foram para eles.

Ao mesmo tempo, à medida que a presença desses países na composição do comércio brasileiro despontou, a participação de outras regiões, como América do Sul, América do Norte e Europa caiu.

Maurício Santoro, professor de relações internacionais da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), diz que é preciso considerar que esse recuo é relativo. “O volume de comércio cresceu em geral, mas esse avanço ocorreu de forma muito mais rápida com a Ásia.”

Dados do Banco Mundial mostram que, em 2000, os países asiáticos tinham 24% da participação do PIB global, enquanto em 2019 o percentual chegou em 32,6%.

Essa disparada da Ásia, segundo Santoro, ocorreu principalmente devido a uma grande reforma econômica na China no final dos anos 1970 —que impulsionou uma onda de industrialização na Ásia. Inicialmente, houve investimentos em setores com o uso intensivo de mão de obra (menos sofisticados). Aos poucos, porém, esses países foram se desenvolvendo e ganhando escala na complexidade tecnológica.

“Eles aram a fabricar produtos eletrônicos e automóveis. Hoje em dia você tem muitas montadoras coreanas, chinesas e japonesas presentes no Brasil”, afirma. “E como competir com esses países se eles têm mão de obra muito qualificada, excelente infraestrutura, custos mais baixos e carga tributária menor">

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