Valor Econômico – Investidores na área de infraestrutura têm uma avaliação predominantemente negativa das perspectivas de crescimento econômico do país na reta final do governo Jair Bolsonaro. Essa é uma das conclusões da 6ª edição de pesquisa da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), em parceria com a EY Brasil, realizada entre 20 de setembro e 1º de outubro, com 167 gestores de investimentos e especialistas que apoiam a estruturação de projetos.
O levantamento mostra que 40,1% dos entrevistados são pessimistas sobre como estará a economia no fim de 2022. O percentual é quase o dobro do verificado na pesquisa anterior (22,3%), de maio, e o mais alto de todas as edições. A proporção dos que se dizem otimistas diminuiu de 34,9% para 23,4%. Também encolheu – de 41,7% para 35,9% – a fatia dos que acreditam em um cenário estável.
A pesquisa, obtida com exclusividade pelo Valor, revela ser alto (50,3%) ou médio (38,3%) o impacto da inflação sobre as empresas do setor. A maioria entende que o governo istra as atuais pressões nos índices de preços de forma inadequada (58,1%) ou parcialmente inadequada (33,5%). Esta é a 28ª semana consecutiva em que a pesquisa Focus, do Banco Central, eleva as estimativas de inflação para 2021. O mercado vê o IPCA em 8,69% – acima da meta de 3,75%. Para 2022, a projeção é de 4,18% – a meta do ano é de 3,5%.
A maioria dos entrevistados também avalia que o governo lida com a crise energética de forma inadequada (55,1%) ou parcialmente inadequada (35,3%). “Continuamos com uma grande nuvem de incerteza para 2022, dadas as perspectivas de aumento dos juros e desvalorização cambial, desemprego elevado e inflação, fatores que se somam a um ambiente eleitoral muito incerto”, diz o presidente da Abdib, Venilton Tadini.
Para o consultor Adalberto Vasconcelos, CEO da ASV Infra Partners, os investidores, sobretudo estrangeiros ainda sem presença no país, estão cautelosos quanto a participar de leilões de infraestrutura previstos para 2022.
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