Valor Econômico – Mesmo com a vitória no leilão da rodovia Dutra, a CCR deverá seguir abaixo de seu “teto” de alavancagem, de 3,5 vezes da dívida líquida pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização). O que significa que ainda há espaço para conquistar novos projetos, afirma Flávia Godoy, superintendente de relações com investidores.
O grupo encerrou o terceiro trimestre de 2021 com uma alavancagem de 2,4 vezes, uma redução em relação ao índice de 2,7 vezes registrado há um ano. “Se tiverem novos negócios, a companhia ainda tem espaço para ir além de 3,5 vezes, com um prazo de 24 meses para adequar a estrutura de capital”, diz ela. No mercado, o indicador é utilizado para mensurar a capacidade das companhias de contrair dívidas para novos investimentos, dentro de uma disciplina financeira.
Neste ano, a CCR adquiriu uma série de projetos de grande porte em leilões de infraestrutura. Só no primeiro semestre, conquistou a concessão de 15 aeroportos e das linhas 8 e 9 da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (TM). Segundo Godoy, os indicadores do terceiro trimestre já contemplam todos os pagamentos bilionários de outorgas desses dois leilões – os desembolsos da TM foram feitos no segundo trimestre, e os recursos necessários para a do contrato aeroportuário foram levantados até setembro.
A companhia segue analisando diversas outras oportunidades nos setores em que já atua – rodovias, aeroportos e mobilidade urbana. Entre os alvos, Godoy cita: a concessão das rodovias BR-381/262, entre Minas Gerais e Espírito Santo; a sétima rodada de concessões de aeroportos federais, que inclui Congonhas e Santos Dummont; a relicitação do corredor Rio-Teresópolis; o Rodoanel de Belo Horizonte; e as concessões do Paraná. “Estamos estudando tudo”, diz ela.
A CCR também tem se beneficiado da retomada dos negócios. O grupo viu sua geração de caixa despencar com a pandemia – o que também pressionou a alavancagem. Agora, já há uma recuperação mais clara, embora ainda haja efeitos da crise. No terceiro trimestre, o Ebitda ajustado avançou 21,1%, para R$ 1,6 bilhão. O lucro líquido cresceu 55,5%, chegando a R$ 183,9 milhões.
A principal retomada é registrada nas concessões rodoviárias, que representam a maior parte da receita do grupo. O tráfego nas estradas teve alta de 14,5% em relação ao trimestre anterior e, segundo Godoy, está praticamente recuperado do baque da pandemia. Já em aeroportos e mobilidade urbana, a expectativa é que a movimentação de ageiros só volte aos patamares anteriores à crise entre o fim de 2022 e o início de 2023.
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