
G1 – O governo de São Paulo apura se o nível de esgoto no túnel da Linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo voltou a subir e se o vazamento em galeria, que abriu uma cratera na Marginal Tietê no dia 1°, persiste.
A Secretaria de Transportes Metropolitanos e a Sabesp afirmaram nesta sexta-feira (11) que técnicos foram enviados para acompanhar os trabalhos de bombeamento no local do acidente.
A drenagem para retirada do esgoto e liberação do tatuzão é feita pela empresa espanhola Acciona, por meio da Concessionária Linha Universidade (Linha Uni), responsável pelas obras do metrô.
No início da semana, conforme informou o g1, o tatuzão continuava danificado, alagado e preso dentro de um poço de ventilação do lugar.
O tatuzão, equipamento responsável pela escavação dos túneis, ficou comprometido depois de ter sido atingido pelo vazamento do esgoto da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). A tubulação com água suja rompeu e o tatuzão ficou submerso.
Novas peças do tatuzão deverão vir do exterior para substituir as que quebraram. Não há expectativa de quando isso irá ocorrer e nem o custo do reparo.
Outro tatuzão, que faz o setor sul da obra, também está parado em razão do acidente, mas não há confirmação se ele foi atingido.
Além de inundar o poço, o rompimento da tubulação de esgoto da Sabesp também cedeu parte do asfalto da pista local da Marginal Tietê, sentido Rodovia Ayrton Senna, entre as pontes do Piqueri e da Freguesia do Ó. Ninguém se feriu no acidente.
Segundo o Corpo de Bombeiros, dois funcionários da obra acabaram socorridos e medicados por precaução depois de terem tido contato com água contaminada que jorrava do cano. Os demais empregados conseguiram fugir e nenhum veículo caiu na cratera. O buraco acabou sendo concretado dias depois.
Mesmo assim, desde então, um trecho da Marginal Tietê foi interditado para o trânsito de veículos pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). A liberação total da via deverá ocorrer em 31 de março, segundo as autoridades.
Nesta segunda-feira (7), a Prefeitura abriu a nova pista emergencial. A nova pista de rolamento faz a conexão da Rua Aquinos com a pista local da Marginal Tietê (Av. Embaixador Macedo Soares), no sentido Ayrton Senna.
As obras da Linha 6-Laranja do Metrô ocorrem por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP) firmada entre o governo de São Paulo e a Acciona, através da Linha Uni, que ganhou licitação em 2019 para dar continuidade às obras previamente interrompidas do metrô. O contrato de R$ 15 bilhões prevê a aquisição de 22 trens e o direito de operação e manutenção da linha por 19 anos.
Na semana ada, A Secretaria de Transportes Metropolitanos (STM) havia informado que abriria uma auditoria para apurar as causas e eventuais responsabilidades pelo rompimento do duto de esgoto.
Na ocasião, por meio de nota, a Sabesp informou que ela e a Secretaria de Transportes Metropolitanos acompanham o andamento dos trabalhos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), contratado para apurar os fatos e as causas do acidente.
Também por nota, a Acciona informou que aguarda a conclusão das apurações sobre as causas do acidente para depois se pronunciar. “As causas do incidente estão em apuração”, informa o comunicado da empresa espanhola logo após o acidente.
O rompimento do cano de esgoto aconteceu quando o tatuzão ava cerca de três metros abaixo. O trecho do asfalto que cedeu estava junto ao poço de ventilação entre as futuras estações Santa Marina e Freguesia do Ó, da Linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo. A escavação na região começou a ser feita em 2021 pelo equipamento.
20 metros de distância
Nesta segunda, o Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente (Sintaema) e outros profissionais ligados à Sabesp emitiram uma nota afirmando que o tatuzão deveria estar a pelo menos 20 metros de distância do supertúnel de esgoto. Segundo eles, o tatuzão atingiu a tubulação, rompeu o duto e provocou o acidente.
O secretário dos Transportes Metropolitanos, José Galli, sugeriu que o solo não teria ado o peso da tubulação de esgoto e cedeu originando a cratera. Ainda de acordo com Galli, essa tubulação ava 3 metros acima de onde estava escavando o tatuzão, mas não teria sido impactada pelo equipamento.
Por meio de nota, a concessionária Linha Uni não deu detalhes do acidente e se limitou a informar que houve o rompimento de uma coletora de esgoto próxima ao Poço Aquinos, que funcionará como canal de ventilação e saída de emergência da Linha 6-Laranja, e que as medidas de contingência do problema já foram tomadas.
Ainda na semana ada, a Sabesp também só informou que o houve rompimento de uma supertubulação de esgoto, o chamado ITI-7, que tem aproximadamente 7,5 km de extensão, 3,4 m de largura e 2,65 m de altura – explicando a grande quantidade de água suja que tomou o túnel do metrô – e faz parte do projeto de despoluição do rio Tietê.
MP e TCE
O Ministério Público (MP) apura as causas e eventuais responsabilidades pelo rompimento. A Promotoria informou que irá apurar também a extensão dos danos urbanísticos e ambientais decorrentes do acidente.
O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE) deu o prazo de 30 dias para a Secretaria de Transportes Metropolitanos e Acciona apontarem as causas do acidente e informarem qual será o tempo de atraso para entregar a obra.
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