Metrô TM – O presidente do Metrô de São Paulo, Silvani Pereira, compartilhou em seu perfil em rede social algumas características dos futuros trens da encomenda de 44 unidades que servirão à expansão da Linha 2-Verde. Entre elas, o sistema driverless (GoA4), ou seja, sem condutor, uso de monitores LCD, tomadas USB e um sistema de energia de emergência capaz de manter o trem funcionando por até 60 minutos em caso de pane na alimentação elétrica.
Mas um aspecto da concorrência, que deve ocorrer no segundo semestre deste ano, é a grande possibilidade de a empresa vitoriosa ser proveniente da China. Isso, claro, desde que o edital não exija um conteúdo nacional, como ocorreu em licitações mais antigas.
Essa hipótese, no entanto, é bastante improvável já que o Metrô fez duas encomendas recentes justamente de trens de monotrilho produzidos no país da Ásia – os 14 modelos SkyRail, da BYD, na Linha 17-Ouro, e 19 unidades do Innovia 300, da Alstom, para a Linha 15-Prata e que serão produzidos pela CRRC.
Nesse último caso, a empresa sa preferiu fabricá-los no exterior do que retomar a produção na unidade de Hortolândia, implantada pela Bombardier, que acabou absorvida pela rival recentemente.
Por falar em Alstom, a gigante é uma das esperanças de que os 44 trens possam ser montados em território nacional. A fabricante conseguiu duas encomendas importantes há pouco tempo, os 22 trens da Linha 6-Laranja e as 36 composições que a ViaMobilidade Linhas 8 e 9 receberá para uso nas linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda.
A espanhola CAF, outrora figura fácil nas concorrências da TM e do Metrô, além de outros sistemas, não vence uma licitação desde os trens da Série 8500, que tiveram enormes problemas. Já a sul-coreana Rotem, parte do grupo Hyundai, se resumiu a montar 30 unidades da Série 9500, também com muito atraso – em paralelo, a empresa trouxe prontos da Coreia do Sul todas as 29 composições que operam na Linha 4-Amarela.
Até aqui, a presença chinesa nos trilhos brasileiros é discreta. A Supervia, no Rio, opera uma boa quantidade de modelos fabricados na China enquanto a Linha 13-Jade possui oito composições da Série 2500, que se destacaram pela entrega veloz mesmo com a fábrica tão distante.
Protesto
A aparente vantagem financeira dos chineses foi reforçada nos últimos dias por mais uma encomenda volumosa, desta vez feita pela Vale, que fechou um pedido de 62 carros de ageiros com a CRRC-Sifang, mesma fornecedora dos trens da Série 2500.
Eles serão usados nos serviços das estradas de ferro Vitória a Minas e de Carajás a partir de 2024 e 2026, respectivamente – a Vale já havia recebido composições do exterior anteriormente, em 2014, da romena Astra Vagoane.
A aquisição motivou um protesto da Abifer, entidade que reúne a indústria ferroviária nacional. Em nota, ela se disse surpresa “que uma empresa brasileira priorize empregos do outro lado do mundo, sabendo da luta que o Governo e a sociedade brasileira organizada travam em prol da geração de empregos e renda para brasileiras e brasileiros”.
Para o presidente da Abifer, Vicente Abate, a Vale não teve boa vontade de fechar o pedido com a Marcopolo Rail e a Hyundai-Rotem, que estavam em negociação com a mineradora anteriormente. O representante da entidade ainda lamentou “o péssimo histórico de trens chineses no Brasil”.
Tecnologia leva um tempo para ser absorvida e assimilada pela indústria nacional, não é imediata. Quando a Petrobras construiu e montou sua primeira refinaria no Brasil em 1953, praticamente a totalidade de seus equipamentos incluídos os mais simples como parafusos e cabos eram importados, na virada do século as últimas já possuíam conteúdo 99% nacional, por conta do desenvolvimento de fornecedores como a WEG, que hoje é líder mundial no segmento, e fabrica em torno de 2500 motores elétricos diários entre outros inumeráveis itens e grande parte é para exportação.
Quando a ABIFER reivindica que seja dada preferência para se montar trens entre o Metrô e TM, e usinagem de trilhos no Brasil, mesmo com um pequeno sobre preço aproveitando o lançamento pelo governo federal do programa de incentivo RETREM, de financiamento de material ferroviário rodante e sistemas sobre trilhos, a tendência é que as próximas compras e licitações aproveitassem a linha de crédito. Mas para isso é necessário tenham no mínimo 60% de conteúdo nacional para aproveitar plenamente os juros baixos, pois mundialmente é impraticável concorrer com os chineses que possuem mão de obra escrava (confirmada recentemente) e infantil, pois existe um motivo social que é a geração de empregos diretos e indiretos que são das empresas fornecedoras não lhe sensibilizou, que preferem ver a indústria nacional sucateada.
Como já diria o saudoso Nelson Rodrigues creio que alguns brasileiros ainda padeçam do chamado “Complexo de Vira Latas”, que é o de achar que tudo que é importado ou vem do exterior é melhor, e preferem continuar recebendo auxílios emergenciais permanentes com uso eleitoreiro ao invés de empregos com trabalhos dignos, as palavras recentes de Bolsonaro em programas eleitorais que foram criados 95 milhões de empregos pelo seu governo é uma falácia!!!