Produção de locomotivas em Minas Gerais deve crescer quase 80% neste ano

Diário do Comércio (MG) – A produção de locomotivas em Minas Gerais deverá crescer 79,4% neste ano, segundo a Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer). A estimativa de fabricar 70 locomotivas é 55,5% maior do que a expectativa para o ano traçada no fim de 2024, quando o setor previu à época que o Estado produziria cerca de 45 veículos ferroviários.

A revisão para cima das estimativas da indústria ferroviária vem a reboque da expectativa de mais investimentos com a antecipação de renovação de concessões de ferrovias no País, ao mesmo tempo que o setor alerta para a concorrência com as máquinas produzidas na China.

Em visita ao gigante asiático, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) negocia um acordo com o líder chinês Xi Jinping para ampliar a participação chinesa no setor ferroviário brasileiro, que deve incluir a produção de locomotivas de ageiros e de carga.

Minas Gerais possui duas fábricas de locomotivas que, juntas, concentram toda a produção nacional. São as multinacionais Wabtec Corporation, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), e a Progress Rail, subsidiária da Caterpillar, na região Central.

O presidente da Abifer, Vicente Abate, critica a possibilidade de as importações chinesas terem o facilitado ao País. Segundo ele, o governo federal deveria valorizar a indústria nacional. Abate se queixa inclusive da entrada das estatais chinesas nos leilões do setor ferroviário no País, que tem dificultado a capacidade de competição das empresas brasileiras.

“Os chineses têm um poderio comercial muito forte, tecnologia, agora nós não podemos permitir que eles tragam (trens) diretamente sem fazer alguma utilização de material e mão de obra nacional”, afirma Abate. “Não somos contrários a eles, a ideia é defender a indústria nacional e proporcionar que a indústria mantenha uma competição com isonomia”, completa.

Ele destaca que as 24 locomotivas adquiridas para o metrô de Belo Horizonte foram produzidas na China, pela China Railway Rolling Stock Corporation (CRRC). Além disso, a empresa chinesa em consórcio junto do Grupo Comporte, controladora da concessionária Metrô BH, venceu o leilão do trem que ligará a cidade de São Paulo a Campinas (SP).

“A intenção é estancar, de uma forma profissional, naturalmente, essas encomendas que estão ‘fugindo’ da indústria brasileira, numa situação de falta de isonomia, e gerando emprego do outro lado do mundo. Para que cada fabricante local possa ter seu lucro, mas que ele gere emprego e renda no Brasil”, ressalta Abate.

Produção de locomotivas será impulsionada por mais ferrovias, que serão responsáveis por 40% do transporte nacional

Vicente Abate ressalta que o setor ferroviário brasileiro tem aportado por ano um investimento entre R$ 7 bilhões a R$ 8 bilhões e, após fabricar 39 locomotivas em 2024 nas multinacionais mineiras, o setor vislumbra nos próximos anos se aproximar da média de produção da última década, de 83 locomotivas por ano.

A produção deverá ser impulsionada com a repactuação ou renovação antecipada de concessões como a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), Ferrovia Transnordestina Logística (FTL), Ferrovia Tereza Cristina (FTC), além da finalização ou início de projetos como a Ferrovia Nova Transnordestina, Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico), Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) e Ferrogrão.

O presidente da Abifer ressalta que as renovações devem garantir a capacidade de 30 mil quilômetros (km) de ferrovia para carga no País, mas que menos da metade – cerca de 12 mil km – é densamente utilizado pelas operadoras, enquanto o restante fica subutilizado. Apesar disso, o chamamento público deve garantir a operação desses trechos.

Essa é a alternativa do Ministério dos Transportes para buscar no mercado interessados na exploração indireta de trechos ferroviários federais, mediante outorga por autorização, que atualmente estão sem operação ou subtilizados pelas concessionárias. “Mesmo com devoluções de trechos, nós vamos ter chamamento público, que vai dar oportunidade de interessados fazer suas operações comerciais e povoar o País de ferrovias”, disse Abate.

Baseado em estudos da Infra S.A., o setor espera que a participação do transporte ferroviário na matriz de carga brasileira chegue a 40% em até dez anos. “Hoje já se encontra em 27%, então a gente está caminhando para que a gente tenha esses 40%, equilibrando com o rodoviário. Há espaço para todos”, ressalta Abate.

Fonte: https://diariodocomercio.com.br/economia/producao-de-locomotivas-em-minas-gerais-deve-crescer-quase-80/

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