Valor Econômico – A Rumo, empresa de logística do grupo Cosan, reiterou seus guidances de volumes transportados, investimentos e Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) para 2025, mesmo com a queda de 7,5% na movimentação de carga no primeiro trimestre de 2025, na comparação anual.
“Nossas curvas já previam volumes menores no começo do ano, devido ao plantio atrasado. Isso se refletiu em volumes de maneira mais tardia do que no ano ado. Foi um trimestre que vimos volumes acontecendo de maneira lenta, janeiro e fevereiro com volumes baixos mas já vemos uma pressurização acontecer. A safra da soja é a maior dos últimos quatro anos. Então, a sinalização é que esses volumes vão ser escoados, já vemos pressurizando o sistema. Acreditamos que o segundo trimestre vai ser mais cheio”, afirmou Guilherme Machado, vice-presidente financeiro da companhia, durante teleconferência com analistas nesta sexta-feira (9).
Além da expectativa de retomada de volumes de grãos nos próximos trimestres, o executivo destacou que outras cargas têm entrado no sistema e que, em termos de tarifas, não houve um impacto grande.
“Tem outras cargas além do grãos entrando no sistema, a performance de celulose, de combustíveis, uma operação inédita que não tinha é a bauxita. Então é uma combinação de fatores. No aspecto financeiro, há uma dinâmica de maximização de margem da companhia, combinação de volume, estratégia comercial. Em que pese um trimestre desafiador de volume, a gente conseguiu performar do ponto de vista de tarifas em patamares que não representaram nenhuma disrupção”, disse o diretor da Rumo.
Em relação aos investimentos, o executivo disse que também já era esperado um ritmo menor no começo do ano nas obras da ferrovia do Mato Grosso devido às chuvas, mas que a previsão se mantém. “O capex [investimentos em bens de capital] nesse trimestre aconteceu refletindo o cronograma dos nossos projetos, ele converge, sim, para dentro do patamar já divulgado, estamos aderentes ao intervalo, mas não é uma jornada linear, os desembolsos se dão dentro do avanço físico dos projetos.”
“O guidance está reiterado para os três itens: volume, capex e financeiro”, afirmou.
Fico-Fiol
O projeto de licitação de um corredor único formado pela Fico (Ferrovia de Integração Centro-Oeste) e pela Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste) não mostrou atratividade nas discussões realizadas durante a consulta pública e audiências públicas, afirmou o diretor financeiro da Rumo, Guilherme Machado. O executivo também sinalizou que o foco da empresa são os investimentos em curso e que o grupo tem o “prato cheio”.
“Como player relevante no setor logístico, é dever fiduciário nosso e tem uma área que acompanha todos os movimentos de mercado, a gente vem acompanhando sim todas as discussões do setor, inclusive contribuindo. Para ser honesto, a empresa não conseguiu ver nada de concreto”, disse, ao ser questionado por analistas sobre os novos projetos do governo.
“O que vimos mais de perto foi o processo de consulta e audiência do projeto Fico-Fiol. O que a gente viu foi uma baixa atratividade desse projeto da forma como está colocado, que é projeto integrado com corredor único. Na visão do mercado, e que corrobora com nossa visão, gerou baixa atratividade. Cada trecho do projeto compõe particularidades, tem seus desafios e oportunidades e a empresa vai seguir acompanhando”, disse.
O projeto do governo previa a possibilidade de licitação de um corredor formado por um trecho da Fico, entre Água Boa (MT) e Mara Rosa (GO), e dois trechos da Fiol, entre Mara Rosa e Caetité (BA) — com investimento total estimado em R$ 29 bilhões. Um dos grandes problemas apontados pelo mercado é que o corredor não tem garantia de conexão direta com um porto, dado que o trecho da Fiol entre Caetité e Ilhéus segue travado, assim como a obra do Porto Sul, em Ilhéus.
“O mais importante é que a companhia está focada em seus próprios investimentos que já estão lançados. Já temos um prato cheio, é nisso que estamos focados e devemos seguir focados”, disse o diretor financeiro.
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