Compra de ativos da Vale melhora perspectivas da Mosaic

Joc O’Rourke parecia cansado quando
recebeu o Valor no início da tarde de 6 de fevereiro. Estava em meio a uma
maratona de compromissos no Brasil, e sua agem pela sede da Mosaic no país,
naquela terça-feira em São Paulo, era marcada por uma reunião atrás da outra.
Um mês antes, a multinacional americana de fertilizantes havia concluído a
aquisição de ativos na Vale no país, por cerca de US$ 2 bilhões, e o CEO global
da companhia definia os os para acelerar a incorporação dos novos negócios
e capturar o mais rapidamente possível as sinergias prometidas aos acionistas.

“Sabíamos que éramos os
proprietários corretos para os ativos que a Vale estava vendendo, com
localização e qualidade excelentes para nós. Aproveitamos a oportunidade e
agora estamos integrando a produção e a distribuição dos negócios que
compramos”, disse O’Rourke. A transação com a mineradora brasileira
incluiu cinco minas de fosfato, quatro unidades de produção de químicos e
fertilizantes e uma unidade de potássio no Brasil. A aquisição também envolveu
uma participação em uma mina de fosfato no Peru e um projeto de potássio no
Canadá, mas o que atraiu a Mosaic foi mesmo o mercado brasileiro.

“É uma das regiões mais
promissoras do mundo”, afirmou o executivo. Segundo ele, a demanda por fertilizantes
no Brasil deverá crescer, em média, 4% ao ano nos próximos anos, acima da média
global – de 2,5% e 3% -, e a forte dependência nacional por nutrientes
importados abre boas oportunidades para quem fabrica fertilizantes no país. A
Mosaic terá mais chance, por exemplo, de expandir sua participação na
distribuição de produtos finais no Brasil e no Paraguai, hoje em torno de 17% e
construída, basicamente, com importados.

“Um dos grandes desafios do
Brasil é a logística. Com a aquisição dos negócios da Vale, também nos
reforçamos nessa frente”, disse O’Rourke, particularmente satisfeito com o
melhor o que terá ao porto de Paranaguá (PR). “Outra vantagem é que
amos a ter um representante da Vale em nosso conselho”, afirmou. Na
transação, ficou estabelecido que a mineradora brasileira receberia US$ 1,15
bilhão e 34,2 milhões de ações da Mosaic. “A Vale tem um conhecimento
profundo sobre o Brasil, e isso será muito útil”, reforçou o CEO. Útil até
para as sinergias pretendidas, calculadas em US$ 275 milhões até 2020 e que
exigirão algum enxugamento de pessoal.

Discursos à parte, a importância da
aquisição ficou evidente nos últimos dois dias. No comunicado que divulgou na
segunda-feira com seus resultados no quarto trimestre e em todo o ano ado,
a Vale foi citada como um dos fatores que fazem as perspectivas da Mosaic para
2018 serem positivas. Em teleconferência com analistas ontem, executivos da
companhia reforçaram a expectativa. Não estão previstos investimentos vultosos
nas operações brasileiras nos próximos meses, mas isso não será necessário em
um primeiro momento para ampliar as vendas.

Como já informou o Valor, com a
aquisição a capacidade de produção anual da Mosaic a de 20 milhões para
27,2 milhões de toneladas de fosfato concentrado e potássio. E neste ano,
segundo O’Rourke, os aportes do Brasil serão concentrados no desenvolvimento da
produção de mina localizada em Patrocínio (MG), que tem capacidade estimada em
2,2 milhões de toneladas de rocha fosfática ao ano.

No balanço que publicou, a Mosaic
informou que sua receita global somou US$ 7,4 bilhões em 2017, 3,4% mais que em
2016. A empresa registrou um resultado operacional que considerou
“forte” no ano (US$ 465,7 milhões), mas fechou o exercício com
prejuízo de US$ 107,2 milhões graças a provisões que teve que fazer para se
enquadrar na nova legislação tributária americana. A expectativa é de melhora
dos resultados neste ano, e para isso outras maratonas esperam O’Rourke no
Brasil.

Fonte:

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*



1248