Próximo de adquirir mais da metade do capital social da
holding de infraestrutura Invepar, o fundo soberano de Abu Dhabi, Mubadala,
trouxe o grupo francês Vinci para compor o novo bloco de controle. Os fundos de
pensão Previ, Petros e Funcef – com 75,6% da holding – contam com uma proposta
vinculante que envolve aporte de cerca de R$ 1 bilhão na companhia, diluindo
suas posições. Pelos termos negociados por ora, não deve haver compra direta
das ações detidas pelos fundos acionistas.
O aporte está condicionado, porém, ao sucesso na negociação
de compra também da fatia de 24,4% hoje nas mãos da OAS. Essa participação será
reada para os credores da empreiteira como pagamento de dívida. Segundo
fontes, o Mubadala já iniciou negociações com esses credores. É a injeção de
capital aliada à compra dessa parcela que vai garantir a obtenção de mais de
50% do capital social da Invepar pelo fundo junto com a Vinci. A expectativa é
que o fechamento do negócio ocorra nas próximas semanas.
Embora não tenha sido fechado um acordo de exclusividade com
os fundos de pensão, o Mubadala é o único interessado na compra do controle da
Invepar, em situação financeira considerada bastante delicada. Dentro da
negociação, está sendo acertada a garantia de alguns direitos dos sócios
remanescentes por meio de um acordo de acionistas. O ativo foi alvo de interesse
da canadense Brookfield no ado, mas a negociação naufragou porque não foi
possível chegar a um acordo com os fundos de pensão.
A vinda da Vinci responde a uma avaliação feita pelo
investidor de que, com quatro sócios financeiros, trazer um operador com
atuação global em diferentes áreas agregaria valor ao negócio. Além disso, o
grupo francês conhece o mercado brasileiro e a própria operação da Invepar,
pois adquiriu em 2016 o ativo rodoviário que a empresa tinha no Peru, a LAMSAC.
Globalmente, o grupo francês já atua nas áreas de
aeroportos, rodovias, energia e mobilidade urbana. No Brasil, arrematou o
terminal aeroportuário de Salvador no leilão realizado em março pelo governo
federal por meio do braço Vinci Airports.
Embora o valor global da operação não esteja fechado, o
aporte responde à necessidade de recursos da Invepar para equalizar sua
situação financeira, em R$ 1 bilhão. Para trazer alívio neste ano, a empresa já
negocia uma captação de R$ 300 milhões, com R$ 100 milhões de cada um dos fundos
acionistas. Segundo fontes, porém, só não há aprovação ainda da Funcef para a
operação.
Uma alternativa à alienação do controle estudada é a venda
de ativos em separado. Isso só deve ocorrer, no entanto, se a negociação na
holding, solução preferida pelos atuais acionistas, não vingar. Nesse sentido,
a CCR fez proposta indicativa por alguns dos negócios da Invepar, segundo
fontes próximas à empresa. Mas nenhuma vinculante, visto que sequer foi feita
due dilligence.
A Invepar chegou a bater na porta da CCR oferecendo ao grupo
uma fatia na holding. Mas isso, em princípio, não interessa à CCR que, tal como
a Invepar, já é um veículo de infraestrutura. Em tese, ativos que despertariam
interesse da CCR ou têm sinergias naturais com os negócios do grupo são os de
mobilidade urbana – como a concessionária Lamsa, que istra a Linha
Amarela, uma das mais importantes vias expressas da cidade do Rio de Janeiro; o
Metrô Rio; e o VLT Carioca.
Procurada, a CCR informou, por nota, que continua atenta às
oportunidades de novos negócios em concessões, PPPs e mercado secundário no
Brasil e exterior. Mas não comenta “boatos do mercado”.
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