A trajetória do preço do minério de ferro deu uma guinada ontem, atingindo um mínimo em quatro meses devido a preocupações com os efeitos da queda na produção de aço na China sobre a demanda e possível aumento dos estoques.
O preço do minério com teor de 62% entregue em Qingdao caiu 4,5%, para US$ 45,58 a tonelada métrica seca, o mais baixo nível desde 8 de julho, de acordo com o Metal Boletim. O mercado mundial de minério de ferro vive um momento de fraca demanda por parte de compradores na China, Austrália e Nova Zelândia disse o Banking Group ontem, antes da divulgação dos preços.
O minério de ferro caiu abaixo de US$ 50 no mês ado, em meio a preocupações com que o excedente mundial vá crescer, à medida que as maiores mineradoras, como a BHP Billiton e a Vale, ampliem sua produção exatamente no momento em que as usinas chinesas cortam sua produção.
A produção de aço encolheu novamente em outubro, é o que mostram dados oficiais, e a negociante de commodities Noble Group sugeriu que novas quedas são altamente prováveis.
“Os preços ainda estão sob pressão devido ao excesso de oferta”, disse Michael Zhu, presidente da Milênios Resources, uma trader em Hong Kong. “Não há praticamente nenhuma usina siderúrgica chinesa lucrativa neste momento, de modo que a demanda permanecerá fraca até o fim do ano”, disse Zhu, um ex-diretor mundial de vendas da Vale.
As quedas nos preços do minério de ferro aconteceu em um dia no qual as commodities sofreram muitas pressões, tendo o preço do cobre caído para um mínimo em vários anos. O minério de ferro poderá testar o nível de US$ 40 antes do fim do ano, enquanto a demanda enfrenta dificuldades decorrentes de cortes na produção de aço, predominantemente na China, de acordo com o Standard Chartered.
O consumo de aço na China está caindo pela primeira vez em uma geração, pressionando os preços locais até mínimos recordes. A expectativa é de fechamento de mais altos-fornos na China até o fim do ano, o que exercerá mais pressão sobre os preços do minério, disse o Macquarie Group em relatório de 16 de novembro.
Alan Chirgwin, vice-presidente de marketing de minério de ferro na BHP, previu que os preços vão manter-se em declínio por anos, antes de encontrar um nível – bem abaixo de US$ 50 – no ponto de equilíbrio mais alto de alguma mineradora importante.
Os estoques portuários de minério aumentaram, nas últimos cinco semanas, até o nível mais alto desde maio. Os estoques cresceram 0,6%, para 86,55 milhões de toneladas, na semana ada, segundo a Shanghai Steelhome Information Technology. A produção de aço bruto caiu 3,1%, para 66,12 milhões de toneladas, em outubro, em comparação com 12 meses antes, de acordo com o birô estatístico.
O cobre foi negociado com pequena mudança nos preços após tocar um mínimo em seis anos, depois que investidores ampliaram suas posições pessimistas em meio a expectativas de um excedente de oferta e menor demanda da China, maior consumidor mundial.
Posições vendidas do metal cresceram 39%, maior aumento desde janeiro de 2014, de acordo com dados da Commodity Futures Trading Commission, dos EUA, divulgados segunda-feira. Uma alta das ações chinesas perdeu força, ontem, à medida que o país tende para o mais lento crescimento econômico em 25 anos. O preço do metal caiu 25% neste ano.
“O mercado de cobre tem se mostrado um dos piores que já vi; a demanda por cobre é basicamente inexistente, neste momento, e tudo isso começou quando houve queda nas bolsas chinesas no início do segundo semestre”, disse Phil Streible, estrategista sênior de mercado da RJO Futures, em Chicago, em entrevista por telefone. “O preço do cobre vai continuar caindo a níveis históricos”.
O cobre para entrega em três meses caiu 0,1%, para US$ 4,685 mil por tonelada, na Bolsa de Metais de Londres. Também na LME, as cotações de zinco e de níquel baixaram, ao o que os preços do alumínio e do estanho subiram. O chumbo apresentou pouca variação ontem.
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