Mais de um século depois da inauguração da Estrada de Ferro Central do Brasil, em 1889, moradores da Zona Norte têm a expectativa de conforto em suas viagens, que, hoje, são motivo de reclamações. A frota da SuperVia vai ser ampliada e modernizada, ganhando ar-condicionado e sistema de comunicação informatizado. A primeira composição nova entrou em operação em 20 de março, no horário das 10h às 16h, entre a Central e Deodoro. Até a Copa de 2014, o número de trens vai ar de 160 para 191, incluindo o que ou a circular mês ado. Segundo a SuperVia, os investimentos em toda a rede somam R$ 2,4 bilhões, sendo R$ 1,2 bilhão do governo do estado e a mesma quantia da concessionária. A previsão é que mais sete composições sejam incorporadas ao sistema até julho, como parte do pacote.
Plataformas terão que ser adaptadas
Além do novo trem que está operando, outros três estão em fase de testes e mais quatro se encontram em processo de montagem. A distância do trem à plataforma também será reduzida, com a utilização de borrachões em todos os ramais. O recurso já foi adotado em 18 das 99 estações.
— A previsão é que, até julho, oito trens novos estejam em operação. A SuperVia substituirá 49 composições de aço carbono (sem ar condicionado), os mais antigos da frota. Todas elas serão devolvidas ao governo do estado — explica o diretor de operações da empresa, João Gouveia.
O ageiro que tiver a sorte de embarcar no novo trem, com capacidade para 1.300 pessoas, contará com ambientes refrigerados, bagageiros em policarbonato, lixeiras em todas as portas e entradas para portadores de necessidades especiais, com sinais sonoro e visual. Os painéis de LED informam simultaneamente a próxima parada, além do aviso sonoro direto da Central de Informações.
O circuito interno de TV transmitirá notícias em tempo real, para distração dos ageiros, e a suspensão a ar comprimido dará a impressão que a composição flutua.
Os usuários ainda estão desconfiados quanto à melhoria do serviço da SuperVia. Para a promotora de vendas Simone Gomes, oferecer um pouco mais de conforto neste transporte é uma obrigação, já que todos pagam agem.
— Dependo desse meio de transporte para me locomover e sei que muitos também precisam. Um pouco mais de conforto e um serviço mais eficiente facilitariam a vida de muita gente. A iniciativa de mudar é muito boa, mas só acredito vendo — diz a promotora de vendas.
De acordo com a concessionária, o novo trem ainda está em processo de adaptação e circula em operação assistida, das 10h às 16h, quando há pouco movimento nos ramais.
— Assim, vazio, é até legal, porque dá para ver que é bastante eficiente. Mas, se não houver manutenção, vai acabar se transformando em mais uma ruína e continuar gerando transtornos. Outros trens novos, com ar-condicionado, também foram inaugurados e já estão todos depredados. Espero apenas que mantenham esse padrão — afirma o de empresas Leonardo da Silva Aguiar.
Enquanto a frota não é renovada e ampliada, a realidade do ageiro que depende do trem é difícil. O que se vê nos trilhos são trens superlotados e em péssimo estado de conservação. Os usuários dizem que faltam serviços básicos como higiene, ventilação e controle de ageiros.
— A segurança é péssima. Não há ventilação nem higiene, e a iluminação é precária — conta Jorge de Jesus em meio ao empurra-empurra na estação de Deodoro.
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