Um programa que prevê reestruturar todo o sistema de transporte da capital do Distrito Federal, Brasília, está para sair do papel, sendo a briga restrita a Alstom e Siemens. As duas empresas, no começo deste ano, foram as únicas selecionadas detentoras de pré-requisitos para disputar a concessão de operar o primeiro Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), um tipo de trem, ou bonde urbano, que percorrerá as ruas da cidade, tendo o projeto aporte estimado em R$ 1,350 bilhão e que prevê a implantação de bondes que circulem por três trechos.
De acordo com o presidente do metrô de Brasília, José Gaspar de Souza, em entrevista exclusiva ao DCI, o projeto prevê interligar ônibus, metrô e o trem, sendo a área prioritária a norte e sul, denominada de W3 e orçada em aproximadamente R$ 670 milhões, dos quais 50% a serem obtidos com a Agência sa de Desenvolvimento (AFD), além de 40% negociados com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e 10% de recursos próprios do governo local.
A parte da AFD no financiamento do projeto, que deverá contrato com o governo, prevê 144 milhões de euros (cerca de R$ 361 milhões) para as obras do VLT. Procurada pela reportagem, a AFD informou que o projeto não foi aprovado ainda, mas há intenção de que até o final do ano o empréstimo seja liberado. Tem de ser aprovado pelo Ministério do Planejamento, e esperamos isso, quem sabe, para esta semana. Depois, vamos mandar o projeto para nosso Conselho, afirmou Olivier Godron, diretor da instituição no Brasil.
Fontes do setor dizem que o mais provável é que haja de 30 a 35 trens na capital, atendendo a 11 estações, divididas a cada 700 metros em linha reta, sendo que cada bonde chega a eliminar até três ônibus, além de 50 carros. Segundo o presidente do metrô de Brasília, o bonde deverá ter cerca de 70 km/h de velocidade máxima, mas a possibilidade é de circular com 30 a 35 km/h e capacidade para atender de 180 a 200 mil ageiros por dia.
Souza explica que as negociações com o BID estão bem avançadas e a previsão é de o recurso ser liberado este ano. O início da construção do VLT é estimado para janeiro do ano que vem, sendo que essa fase durará 18 meses. Vale lembrar que a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), procurada pela reportagem, afirmou não estar envolvida no projeto. Já a Siemens, procurada, resolveu não se pronunciar.
Sem precedentes no mercado brasileiro, porém já implantado em vários países, o bonde da Alstom, já atende a cerca de 28 cidades, em nove países. Para diretor-geral da Alstom, Ramon Fondevila, que concedeu entrevista exclusiva ao DCI ontem, meia hora antes de embarcar para França, o projeto prevê que a alimentação do bonde seja feita debaixo da terra.
Por ser uma cidade tombada pela Unesco, não se pode colocar catenária (fios de alimentação similares aos trens da TM e trólebus). Esta alimentação fica um pouco mais cara, porém é mais barata em termos de infra-estrutura. Além, disso, dentro do projeto gerará pouco impacto econômico, como foi na cidade de Bordeaux, na França.
Nas duas últimas semanas, o DCI acompanhou o andamento que caminha para a data da licitação do projeto denominado popularmente de trem-bala, o trem de alta velocidade que deverá ser explorado no mercado nacional e poderá ligar o Rio de Janeiro a São Paulo. Contudo, o governo começou a silenciar os órgãos sobre o andamento dos editais do projeto. O primeiro foi a Casa Civil, que era responsável pelas informações e parou de falar com a imprensa.
A responsabilidade migrou para a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), procurada cotidianamente pela reportagem deste jornal. Há algumas semanas, a agência informou apenas que não falará sobre o assunto, sendo a fonte oficial sobre o programa do trem de alta velocidade, agora, o Ministério dos Transportes, o único que poderia falar sobre o caso.
Procurado para falar sobre o andamento das negociações e sobre as datas dos editais para a abertura das licitações das empresas interessadas, o Ministério dos Transportes informou que só fala sobre o assunto depois do balanço do PAC.
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