Cosan tem prejuízo de R$ 1 bilhão com queda da ações da Vale

Valor Econômico – O investimento na Vale trouxe prejuízo, ainda que contábil, de pouco mais de R$ 1 bilhão para a Cosan no segundo trimestre. Com a marcação a mercado de cerca de um terço de sua participação na mineradora, ou 70 milhões de ações, a holding teve de reconhecer uma perda de R$ 1,2 bilhão com a desvalorização de 20% dos papéis nos últimos três meses, e encerrou o intervalo com prejuízo líquido R$ 1,04 bilhão.

A piora do desempenho operacional da Raízen, dona da rede de postos Shell, também contribuiu para o fraco resultado final, que, com ajustes – excluindo Vale, basicamente -, ficou positivo em R$ 145,2 milhões. “Foi um trimestre desafiador para a distribuição de combustíveis, mas marcante com o recorde na Moove, Com e Rumo ”, disse ao Valor o vice-presidente de Estratégia da Cosan, Marcelo Martins.

Pelos números pro-forma, a holding, um dos maiores conglomerados empresariais do país, teve receita líquida de R$ 34,5 bilhões, queda de 19,4% na comparação anual, e resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de R$ 4,4 bilhões, alta de 6,7%.

Dona de uma fatia de 4,9% na Vale, a Cosan poderá chegar a 6,5% em até quatro anos. A recente desvalorização das ações, que não teve impacto sobre toda a posição porque a Cosan optou por uma estrutura de hedge, ainda não a fez mudar os planos. “É prematuro falar de Vale agora”, comentou Martins.

Além da desvalorização da mineradora, sobretudo por causa dos receios com a economia chinesa – o país é o maior consumidor de minério no mundo -, a Vale se vê às voltas de uma série de rumores de que a interferência política, com uma pretendida indicação do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega para sua presidência. Questionado sobre o assunto, Martins se limitou a dizer que confia na governança da mineradora.

Sobre mudança na gestão da Vale, Martins diz confiar na governança da mineradora

O executivo comentou ainda que a Cosan não tem necessidade e não pretende captar recursos no mercado, embora alguns agentes falem de uma potencial janela para oferta de ações para o segundo semestre com a melhora dos indicadores econômicos.

No caso da Moove, da área de lubrificantes, nunca esteve nos planos fazer uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) ainda em 2023, afirmou Martins. “O sócio da companhia [a gestora de private equity CVC] em algum momento poderá fazer sua saída.” No ano ado, a companhia comprou a PetroChoice, uma distribuidora e comercializadora de lubrificantes nos Estados Unidos. A Rumo, de logística, também não tem planos de ir a mercado para oferta subsequente de ações (“follow-on”), pelo menos por ora.

Na Com, Marcelo Martins segue o mesmo raciocínio. “Há intenção, mas não agora. Já temos sócios [no negócio]. Mas a Cosan não tem necessidade de fazer captação no mercado neste momento”, afirmou o executivo. “Talvez ano que vem seja melhor para a Com, mas isso não quer dizer que vá acontecer”.

Em fato relevante ontem, a Com informou que adquiriu uma participação societária na Biometano Verde Paulínia (Newco), controlada pela Orizon Valorização de Resíduos. A Com vai investir inicialmente R$ 235 milhões, dos quais R$ 100 milhões como aporte na empresa de biometano e o restante para deter o controle do negócio.

Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2023/08/15/grupo-cosan-tem-prejuizo-contabil-de-r-1-bilhao-com-queda-da-acoes-da-vale.ghtml

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