Valor Econômico – Sabidamente um setor que demanda fortes investimentos para o seu desenvolvimento, o transporte ferroviário expõe suas inovações também pensando na lógica de que os recursos precisam ser bem aplicados, e que as decisões quase nunca são tomadas por impulso. Nessa lógica, a cadeia de apoio mostra suas novas ideias em um intervalo de “Copa do Mundo”.
Na cidade de Münster, no noroeste da Alemanha, acontece a cada quatro anos a IAF, a Feira Internacional de Tecnologia de Trilhos, na tradução para o português. E ainda que o conceito de novidade para quem vive o evento pareça de poucas mudanças, algumas palavras típicas dos discursos dos últimos anos estavam mais do que presentes: automação, eletrificação, descarbonização e, claro, inteligência artificial.
Na avaliação da professora Birgit Milius, presidente da Associação Alemã de Engenheiros Ferroviários (VDEI), que organiza o evento, o setor ferroviário, inclusive na Europa, a por “desafios enormes”. A avaliação é que a questão de recursos não é o único entrave para o desenvolvimento do segmento, “é preciso pessoas interessadas em trabalhar pelo setor”.
Uma queixa generalizada é a falta de profissionais qualificados, e interessados, em atuar no setor ferroviário, cuja atuação em campo, nem sempre está perto dos grandes centros urbanos. Além disso, o papel do Estado, e a necessidade de diálogo constante, são vistos por Milius como um objetivo para a retomada da “confiabilidade”.
Nos principais países da Europa as operadoras ferroviárias são todas estatais, como a alemã Deutsch Bahn (DB), que opera mais de 33 mil quilômetros de trilhos, mas que tem sofrido com críticas pelos atrasos recorrentes no transporte de ageiros.
Para aumentar a confiança no transporte ferroviário, o setor defende uma maior padronização da rede e uma aceleração do planejamento, que deve vir do uso mais intenso de tecnologia computacional, com destaque para o uso de dados, a automação e a inteligência artificial.
A sustentabilidade ainda é um mote, entretanto, a crise criada com a Guerra da Ucrânia reduziu a velocidade da descarbonização. “O interesse na eletrificação caiu um pouco, porque na Europa agora é preciso manter a eficiência, isso é mais importante que as emissões”, explica Göran Sjöström, diretor de vendas da fabricante de máquina para ferrovias Plasser &Theurer. “O cliente agora quer um plano de emergência para qualquer problema de energia, então o motor a diesel ainda é algo que garante disponibilidade.”
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