Crescem apostas na queda das cotações das commodities

Em meio a movimentos financeiros derivados de oscilações do
dólar e do petróleo, as cotações das principais commodities agrícolas
exportadas pelo Brasil permanecem sob pressão nas principais bolsas americanas.
Vão encerrar novembro com variações relativamente modestas, mas ainda em baixo
patamar, e os mais recentes posicionamentos dos fundos de investimentos que
atuam nesses mercados sinalizam que novas retrações estão por vir.

Cálculos do Valor Data baseados nas médias mensais dos
contratos futuros de segunda posição de entrega (normalmente os de maior
liquidez) mostram que, na bolsa de Chicago, a soja deverá fechar o mês com alta
pouco inferior a 2% em relação a outubro. Mas, em decorrência das disputas
comerciais entre Estados Unidos (segundo maior país exportador, atrás do
Brasil) e China (maior país importador), na comparação com novembro de 2017, a
baixa ainda supera 10%.

Em decorrência das rusgas entre Washington e Pequim, o grão
tem encontrado dificuldades para romper a barreira de US$ 9, nível que espreme
as margens de lucro dos produtores americanos mas que, no Brasil, tem sido
parcialmente compensado pelos prêmios pagos nos portos. Aparentemente, não
haverá refresco. Conforme levantamento da Comissão de Negociação de Futuros de
Commodities (CFTC, na sigla em inglês), na semana-móvel encerrada no dia 20, os
fundos ampliaram as apostas na queda da oleaginosa.

No mercado de milho, menos suscetível aos reflexos da guerra
sino-americana – a China ainda importa volumes pequenos do cereal -, as
perspectivas de reação que vinham tomando corpo minguaram, em parte em virtude
da boa colheita nos EUA, e os fundos inverteram suas apostas, que aram a
ser de baixa. Em novembro, de acordo com o Valor Data, a média dos contratos de
segunda posição deverá ser quase 1% menor que a de outubro e 6% superior a de
novembro de 2017 – ainda inferior à barreira de US$ 4 por bushel, superada pela
última vez em maio de 2018, pico da entressafra americana.

Se os exportadores de grãos não têm muito a comemorar no que
diz respeito aos preços praticados em Chicago, os de soft
commodities (açúcar, café, suco de laranja e algodão) também estão
perdendo o sono ao acompanhar o comportamento das cotações na bolsa de Nova
York. Como o Brasil domina as exportações de açúcar, café e suco, nessa frente
o embate entre o dólar e o real tem tido grande peso no direcionamento dos
mercados.

Em novembro, conforme o Valor Data, a única soft
commodity do quarteto que registrará aumento dos preços médio dos
contratos de segunda posição de entrega em relação a outubro é o algodão – e
ainda assim uma valorização pífia, inferior a 1%. Açúcar e suco fecharão o mês
com baixas de quase 3% e o café recuará pouco menos de 2%. As comparações com
as médias de novembro de 2017 também não são generosas: açúcar e suco caem
cerca de 14% e a baixa do café ficará em torno de 10%. Mais uma vez, o algodão
aparece com variação positiva, superior a 12%.

E, também em Nova York, os investidores ficaram mais
pessimistas. Na semana móvel encerrada no dia 20, os fundos reduziram suas
apostas na alta de açúcar e algodão e aram a vislumbrar queda maior do
suco. No caso do café, reduziram as apostas de baixa, mas o saldo líquido de
contratos comprados permanece negativo, o que não é um grande alento. Em geral,
nos quatro mercados as perspectivas são de oferta confortável, o que limita o
espaço para reações expressivas.


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